Estar na Pele da Adriana: Página 02

O poder ilusório do status quo


O autoconhecimento é um tema recorrente nos dias de hoje. Fechar para balanço, reconectar com o seu eu interior e outras expressões similares podem soar como tremendos clichês. Mas quando os clichês se tornam parte de nossa história pessoal, o significado dessa palavra muda de figura e ganha outra dimensão.

Já andava meio descontente de minha profissão, e após o burnout, pensar em um novo caminho profissional já estava mais do que na hora, assim já dizia meu corpo e, agora, minha mente e meu espírito. 

Nessa caminhada de auto avaliação, minha primeira atitude foi analisar o porquê minhas atividades profissionais me agrediam e me desgastavam emocionalmente. 

Após 25 anos de trajetória profissional, é “normal” nos sentirmos agredidos e desgastados… será mesmo? 

Me sentia como num antigo filme chamado “O feitiço do tempo”: os acontecimentos diários do personagem se repetiam em um looping desesperador, com as mesmas ocorrências, os mesmos problemas, as mesmas experiências. 

Se optarmos por vivenciar uma rotina muito dura, nos estressaremos cada vez que algo “não sai como o planejado”, e pior, essa rotina dura e estressante anestesia nossa alegria de viver. Veja, não sou contra a rotina, mas acredito que deve ser equilibrada e principalmente flexível. Esse foi o meu primeiro aprendizado.

Aprendizado número dois: a resignação perversa do “engolir sapo”, do “faz parte” e do “sempre foi assim”. Estes se incorporam na rotina semanal como uma erva daninha, e aos poucos vão comendo pelas beiradas a coragem de questionar, o entusiasmo e o frescor do novo: novas ideias, novos caminhos, novas perspectivas.

Eu suprimi esses sentimentos e descobri o quanto isso pode ser prejudicial. 

Me acovardei diante do poder ilusório de status quo “favorável”: estabilidade financeira e social, emprego em organizações conhecidas, salário garantido todo mês.

Mas um caco por dentro. Vale a pena? No meu caso não. 

Esse foi o aprendizado número três.

Quarto aprendizado: o tal do “não dá tempo”. Não dá tempo de você saborear um pãozinho na chapa com uma média na padaria da esquina (coisa de paulista), não dá tempo para um bate papo rápido com direito a risadas com o porteiro do prédio, não dá tempo para desfrutar de um call caótico com mãe, irmãos, primos, com direito a cachorro latindo e gato miando, que deixa seu coração quentinho pelo amor que permeia a conversa (e as fofocas), e também já sentir saudade de quem tá longe.

Não tinha tempo para gastar com esses “pormenores” da vida. Grande erro.

E o aprendizado não pára.

O último foi ter consciência de que é de minha inteira responsabilidade saber desfrutar da melhor forma com o tempo que me foi dado. 

Hoje não perco um bate papo mesmo que seja rápido, com quem quer que seja. 

***

Adriana Katsutani Lerner

Paulistana miscigenada, Comunicadora, ex Marqueteira, tia do Dani, do Pedro e do Vini. Ávida por qualquer tipo de conhecimento, qualquer tipo de cachorro e qualquer marca de café. Ama viajar mesmo que seja somente através dos livros. Valoriza uma boa música, cinema, bate papo, ou seja, as coisas mais simples da vida.

Adriana Katsutani Lerner

Paulistana miscigenada, Comunicadora, ex Marqueteira, tia do Dani, do Pedro e do Vini.

Ávida por qualquer tipo de conhecimento, qualquer tipo de cachorro e qualquer marca de café. Ama viajar mesmo que seja somente através dos livros. Valoriza uma boa música, cinema, bate papo, ou seja, as coisas mais simples da vida.

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