Estar na pele da Andrea: Página 08
Nessa página conto sobre ser imigrante e mulher.
Mudei para o Canadá no início de 2007 e quando precisava aplicar para uma vaga de emprego ou preencher um formulário do governo, sempre tive que mencionar que faço parte, do que eles chamam aqui, minoria visível.
Sei que não é só aqui. E que existem outros quesitos para que você faça parte dessa minoria visível. Porém, sempre achei estranho precisar mencionar que sou imigrante e mulher em um questionário de definição de identidade.
Quando eu decidi que teria uma carreira de consultora em segurança financeira, não imaginava onde estava entrando, pois esse é um mercado predominantemente masculino.
Apesar de ser um trabalho autônomo, você precisa ser aceita por uma corretora para que você possa praticar essa profissão.
Eu havia escolhido onde queria trabalhar e enviei meu currículo sem nunca receber um retorno.
Acreditei que por algum motivo não tivessem recebido e por isso insisti mais quatro vezes, sem ter nenhuma notícia.
Como sou persistente, encontrei um consultor que trabalhava nessa corretora e pedi que levasse o meu currículo até eles. No dia seguinte me chamaram para uma entrevista - que foi excelente e consegui a minha vaga.
Eu era uma das pouquíssimas mulheres consultoras financeiras.
Como padrão para novos contratados, tive uma reunião com o diretor geral. Ele me falou com todas as letras que não queriam me contratar pois não acreditavam que eu tivesse uma rede de contatos suficiente para ter sucesso nessa vaga, já que eu era imigrante na terra deles. Mas disse que fui convincente na entrevista e que não viam a hora de provar que estavam errados.
A única imigrante no escritório e uma das poucas mulheres.
Além de sofrer preconceito de colegas, tive que provar para vários clientes homens que eu tinha o conhecimento e habilidade para fazer muito bem o meu trabalho.
Eu precisei de muita força mental, contei com o apoio do meu marido e, apesar de estar com dois filhos pequenos, em três meses de trabalho eu estava no topo da lista dos melhores consultores daquela corretora.
A sociedade pode querer definir nossa identidade e nós podemos aceitar, ou não.
Sempre será nossa escolha viver conforme acreditamos o que é “ser mulher” nesse mundo.
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Andrea Britto
Brasileira-Canadense, mãe, esposa, filha, irmã, amiga, empreendedora e apresentadora do podcast Dose de Energia. Apaixonada por desenvolvimento pessoal, tenho como objetivo de vida espalhar pelo mundo mensagens de inspiração, conhecimento e consciência sobre nossas mudanças e desafios. Acredito muito nas pessoas e que todos nós oferecemos o melhor que temos no momento em que estamos e, por isso, podemos sempre evoluir e então inspirar aqueles que nos observam - buscando assim um mundo melhor.
Neste mês das mulheres, em que refletimos sobre o nosso papel em sociedade, uma pergunta me fez pensar sobre o nosso estado emocional, em que muitas de nós se percebe em solidão e clamam por uma companhia.