Ser Mulher e as transformações através dos ciclos
Quando refleti sobre o que escrever, de forma condicionada, pensei em primeira instância sobre o processo menstrual e tudo que envolve este período cíclico que nós mulheres vivemos.
Algo pertinente ao universo feminino, será?
De forma biológica, sim, é no corpo da mulher que este processo se manifesta, todo mês é isto: menstruar, viver os dias de sangramento, depois a sensação maravilhosa de desinchar, sentir-se mais magra, bonita, com tesão, e chega o período fértil, atenção com os cuidados para evitar a gravidez, ou foco total para engravidar, e começa novamente o período de tensão pré menstrual, irritabilidade, vontade de chocolate, seios inchados, corpo dolorido, para algumas as pernas, outras a lombar, a dor de cabeça, ou a tristeza, o choro fácil, a sensibilidade aflorada, os sentimentos hiper dimensionados e sangue de novo, e para muitas, um luto, a desova do óvulo não fecundado.
São 4 fases, que necessariamente não acontece no ciclo do mês, para algumas a menstruação ocorre até duas vezes no mesmo mês, e todo este processo natural do feminino, é ao mesmo tempo, uma saga em que os anos passam, e ainda assim, parece ser a cada mês, algo surpreendente.
Algumas mulheres decidem acabar com o sangramento e interrompem este fluxo natural do feminino, é uma escolha, que como toda decisão, traz suas consequências.
Outras mulheres decidem viver o que se manifesta em seu corpo, e aprender o que precisam aprender com este processo menstrual, e todas nós somos livres para fazer as nossas escolhas, mas como uma reflexão, o quanto desta decisão de não menstruar, é num nível mais profundo, a negação do feminino?
Eu não tenho uma pesquisa, apenas uma percepção dos atendimentos psicoterapêuticos que realizo, e na amostragem do meu consultório, estas mulheres apresentam como pano de fundo, uma relação adoecida com a mãe, e de alguma forma, negar a menstruação, o feminino que assim se manifesta, é a própria negação materna – o útero.
É só um ponto de vista, que pode ou não, te levar a refletir.
Considerando que esta hipótese seja validada, o quanto da própria decisão em não mais menstruar, já revela uma menstruação dolorosa, com cólicas fortes, que expressava o mal-estar na relação com feminino?
Esta é uma linha de pensamento, mas existem muitas outras.
Abri a janela para trazer estes quadrantes, na intenção de ampliar o pensamento, que poderíamos filosofar e correlacionar os assuntos a um ponto comum, mas vou voltar ao foco da menstruação.
Na pergunta que fiz: a menstruação é algo do universo feminino? Também, porque tudo que acontece conosco, as mulheres, também impacta e afeta o masculino.
O homem cis não menstrua, mas convive com as mulheres, e não importa o nível da relação, se é de forma direta ou indireta no agora, todo homem partiu do ventre de uma mulher, e conhece o universo feminino de uma forma muito profunda.
Assim, como toda mulher que gerou um filho em seu ventre, conhece a força do masculino, acolher este sêmen carregado de espermatozoide, ao óvulo que abrigamos em nosso útero, e dizer sim a vida que se manifesta em si mesma, na cocriação da divindade humana: um novo ser vivo.
Isto me toca. É extraordinário a vida que se manifesta, e as mulheres junto aos homens, damos continuidade a tudo que foi, e a tudo que será, por meio de cada um de nós, um filho e uma filha que geram um filho e/ou uma filha, e a vida em seu fluxo contínuo do existir, tem suas leis, sua ordem e sua forma de se manifestar.
Nesse ciclo da vida, nascer, crescer e morrer, tudo isto só é possível pela menstruação! Não estou romantizando, sei muito bem dos desafios que vivemos, mas é assim, simplesmente é assim que é, e talvez aqui esteja a dor, a cada menstruação vivemos o fim de um ciclo, a morte de um óvulo, aquele que não se tornou vida.
Muito além dos hormônios alterados, que a própria medicina constata, e podemos sentir as alterações em nosso corpo, no humor, no comportamento, ainda assim, não sabemos explicar o que de fato sentimentos e como somos acometidas por este processo, nos solidarizamos, porque de alguma maneira compreendemos que algo profundo se manifesta, e acolhemos.
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Crystiane Faria Feijes
Uma profissional que olha para a mente humana: consciente e inconsciente, as relações intra e interpessoais, a família, a estrutura da formação da psique (traumas, sintomas, dores e doenças), as forças de caráter, saúde mental, sonhos, sucesso, sentido da vida, são assuntos recorrentes nestes 10 anos de atendimentos psicanalítico e sistêmico. E quanto mais ela se coloco a serviço deste algo maior, que envolve a todos nós, mais observa o universo brilhante, e ainda inexplorável que somos.
Nosso desejo sexual pode variar ao longo da vida e isso não é um problema. Dependendo da nossa rotina, da nossa saúde física e mental, da nossa idade, da nossa sensação de bem-estar, dentre outros fatores, podemos estar com maior ou menor libido, sem necessariamente ter algo de errado. Mas quando essas alterações se tornam persistentes e prejudicam a vida da pessoa, algo deve ser feito para reequilíbrio do organismo.