Estar na Pele da Laura: Página 05

Um poema sem fim

O processo terapêutico é uma coisa maluca.

Eu nunca me senti tão consciente, mas ao mesmo tempo tão sem energia e motivação pra executar qualquer coisa.

Eu que sou um perfil comportamental com nota máxima em execução. A maluca das metas e projetos.

Eu nunca tive tantos sonhos realizados, imateriais, materiais, visíveis e invisíveis. Nada me falta.

Se me aparecesse o gênio da lâmpada e me perguntasse um único pedido, não saberia responder, mas o sentimento de falta parece tomar conta de cada pedacinho do meu corpo.

Tão satisfeita, suprida e ao mesmo tampo tão triste, tão oscilante, com tantas angústias.

Uma vontade louca de pertencer e um desgosto tão grande quanto por ter que me enfiar em caixas e rótulos que não me cabem.

Quero ser inteira, honesta, transparente, com tudo que tenho em excesso e em falta.

Nem melhor, nem pior. O que é, simples assim.

Eu nunca quis me inscrever em tantos cursos e ao mesmo tempo em nenhum deles.

Acordo e não quero estudar.

Nunca quis fazer tantos empregos. Mas não quero trabalhar.

É como se eu tivesse queimado a largada.

Tolerado por muito tempo a água quente demais.

Agora tenho agonia só de pensar em entrar na água.

Mas te juro que sinto tanta vontade de viver, tanta.

Uma energia de expansão, de doação, de abertura, de aventura, de experimentação.

Como é possível imaginar, planejar e viver um viver sem estudo, trabalho e luta pra aguantar uma água pelando?

Como pode a ausência de desconforto ser tão desconfortável?

Como pode essa leveza ser tão pesada?

Não sei como finalizar esse poema.

Faltam respostas. Sentimentos. Ideias. Palavras.

Exatamente como falta aqui dentro. 

Fim.


***

Laura Amâncio Rezende

Encontrou na psicologia positiva uma ferramenta para construir um mundo mais saudável e mais feliz. Enquanto mentora indivíduos na busca das suas definições de sucesso e felicidade, vive na pele de uma esposa, empreendedora, vivendo no exterior.

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*As opiniões expressas na coluna Estar na Pele não refletem diretamente as posições editoriais do Instituto Bem do Estar, são baseadas nas experiências dos colunistas e suas versões do fato, sendo a ideia da coluna um diário aberto onde autores podem expressar suas experiências de forma genuína se aproximando dos leitores.

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