Estar na Pele da Adriana: Página 15
FOME
As compulsões sempre se apresentam nos momentos oportunos.
Como um animal que rodeia a presa antes de atacar.
Ao final do dia, quando o cansaço se acumulava, sentava no sofá e com o click da TV…Bum!!! O gatilho era disparado.
Minha compulsão por comida funcionava para contrapor ou servir de indulgência a uma situação ruim: depois dessa reunião que tive “eu mereço esse bolo de chocolate hoje”, a semana toda foi muito estressante e portanto “vou comer tudo que tiver direito” no fim de semana…
E esse era meu lema, quanto mais estressante fosse o dia, mais açúcar e gorduras eram permitidos.
E nessa balança condenada à desproporcionalidade, tudo o que era bonito aos olhos e ao paladar, pendiam a favor.
Um embuste que foi tomando proporções além do meu controle, sim, porque já nesse ponto o corpo não absorvia tantos abusos cometidos contra ele …
Mesmo assim, ele tentava me dizer: insônias, inflamações no corpo, pressão alta, gordura no fígado, mal humor, péssima auto estima… e o que fazer para esquecer tudo isso?
Um chocolate, uma pizza, uma coxinha… a comida como fuga e o prazer instantâneo… a droga viciante, o “alívio imediato” onde apenas uma porção não saciava mais.
No burnout tudo veio à tona: o corpo exausto já não tinha mais forças para sinalizar o “red flag” (ele já havia desistido de tentar avisar…)
Compreendi que a fome psicológica e emocional nunca deve ser substituída pela física.
O corpo é um "instrumento" sagrado que deve ser respeitado e amado.
Você é corpo, mente e espírito que são nutridos de modos diferentes.
A consciência do alimento, foi um ponto de partida para mim.
Do que devo alimentar meu espírito, do que devo alimentar minha mente e do que devo alimentar meu corpo.
E tudo que é excesso torna-se prejudicial, simples assim.
Você tem fome de quê?
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Adriana Katsutani Lerner
Paulistana miscigenada, Comunicadora, ex Marqueteira, tia do Dani, do Pedro e do Vini. Ávida por qualquer tipo de conhecimento, qualquer tipo de cachorro e qualquer marca de café. Ama viajar mesmo que seja somente através dos livros. Valoriza uma boa música, cinema, bate papo, ou seja, as coisas mais simples da vida.