Estar na Pele da Joice: Página 03

Vida, estou aqui. 


Há alguns dias, venho rascunhando mentalmente este texto. Algumas vezes, ao deitar na cama, começo a construir uma narrativa, mas os meus pensamentos tomam conta de mim e, quando menos espero, lá estou eu acordando para um novo dia. 

Do que estou fugindo? Qual o tempo que eu digo que não tenho? O que estou deixando para depois? São inúmeras perguntas, para poucas respostas. Ou não. Eu tenho um mecanismo presente em minha vida que é a fuga.

A fuga. Por vezes, ela foi protagonista em minha vida. Ela ainda insiste bastante em fazer parte de alguns momentos. É mais fácil, na nossa mente, fugir. Fugir de uma resposta. Fugir do medo. Fugir das responsabilidades. 

O que não é verdade. A conta chega em algum momento. O que você não diz - o que você não extravasa - fica guardadinho aí dentro. E o resultado, de todos esses ingredientes de frases não faladas, é uma explosão. 

Quando fui à psiquiatra pela primeira vez, há 10 anos, eu tive vontade de fugir. Eu tive vontade de desistir também. A desistência, teoricamente, também é uma fuga (em algumas situações, claro). 

O setembro amarelo, com todo esse contexto em minha vida, ganhou um significado importante desde então. Posso dizer uma coisa: felizmente, muitas outras pessoas sentem isso também.

“Ah, mas todo ano a mesma é a coisa”

Que bom que todo ano é a mesma coisa. Que bom que todo ano, todos os meses e todos os dias podemos falar sobre saúde mental. Por muito tempo, muito mesmo, este foi um espaço solitário e de muito julgamento. 

Ainda hoje as pessoas julgam, viu? Tem uma galera aí que insiste em chamar transtorno de mimimi. É por essas pessoas - e pelas inúmeras que precisam de ajuda - que nós precisamos continuar. 

Que todo dia seja amarelo, branco e todas as cores necessárias para gritarmos para o mundo que, sim, a saúde da mente importa.

Pois, aqui entre nós, a vida é agora. A vida importa.

***

Joice 

Tia da Duda e da Ana, comunicóloga, relações públicas por formação, ama fotografar pessoas e plantas, escreve para se encontrar e é uma mulher em busca de sanidade há muitos anos. Acredita no poder das pequenas e boas ações e que o amor é a chave para um mundo melhor.  

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