Estar na Pele da Letícia: Página 09
Eu tenho um costume de enviar cartas para mim mesma. Antes, eu escrevia no papel, dobrava e escondia em algum canto. Meses ou anos se passavam, até que eu fosse me deparar com aquele bilhete destinado a uma versão minha do futuro que agora já era presente.
Atualmente, ficou um tanto mais prático.
Não preciso esconder papel algum... Digito https://www.futureme.org/ no navegador e posso simplesmente enviar um e-mail para a minha própria caixa de entrada.
6 meses, 1 ano ou 10 anos, o tempo fica a critério de quem escreve. O site tem inclusive sugestões do que você pode escrever e a opção de ler cartas alheias. Posso me enviar uma lista de compras para o mês que vem, no dia em que o salário cair ou questionar minha eu do futuro se em 10 anos já teremos filhos.
Vez ou outra, sou presenteada com minhas próprias palavras do passado. Algumas vezes são memórias que narrei para não esquecer, recortes preciosos do tempo que passo ao lado de pessoas que amo. Outras vezes são conselhos que me dei em algum momento de inspiração.
“Mas, ocasionalmente, questiono se algum problema que me afligia imensamente na época da carta foi solucionado e, lendo o e-mail, percebo o quanto as coisas mudam de importância para nós.”
O que hoje é o fim do mundo, motivo de crises de ansiedade e ataques de nervosismo pode não significar nada em míseros 6 meses. E nesse meio tempo, novos problemas irão surgir e tomar o lugar dos antigos.
Com certa dificuldade tento me lembrar disso nos meus dias difíceis, pensar que, muito provavelmente, em poucos meses eles sequer merecerão lugar nas minhas memórias.
Ou talvez virem um e-mail na minha caixa de entrada, um lembrete de que a vida segue em frente e eu também.
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Letícia Cais
Letícia é estudante de Direito e autora de “Gira, o livro”. Canceriana, sente tudo com intensidade. Começou a publicar seus textos na internet em 2016 e nunca mais parou.
Apaixonada pela escrita e por tudo que ela proporciona, encontrou nas palavras um refúgio para suas reflexões.
Nosso desejo sexual pode variar ao longo da vida e isso não é um problema. Dependendo da nossa rotina, da nossa saúde física e mental, da nossa idade, da nossa sensação de bem-estar, dentre outros fatores, podemos estar com maior ou menor libido, sem necessariamente ter algo de errado. Mas quando essas alterações se tornam persistentes e prejudicam a vida da pessoa, algo deve ser feito para reequilíbrio do organismo.