O ato de comer e as emoções

Pavel Danilyuk/ Pexels

O ato de comer traz um simbolismo muito complexo, com vários significados, desde nosso nascimento. O bebe chora para se alimentar, é uma necessidade oral, tanto pela sobrevivência, quanto pela segurança que o alimento representa. A sensação de sentir algo na boca, é carregado de sentir-se preenchido, satisfeito, completo.

Nossa existência depende do alimentar-se, e a boca talvez seja a parte mais importante do corpo para mantermos vivos. Nós nos alimentamos através da boca, nos comunicamos, e expressamos as emoções. Como dito anteriormente, a relação simbólica da comida é o preenchimento interior, e assim se estabelece uma dinâmica relacional de amor/ódio; amigo/inimigo com base no comer e as emoções envolvidas.

Ao questionar como se dá o início dos chamados transtornos alimentares, pode-se mencionar que são fatores multideterminados; é a interação entre: biológico, cultural, psicológico, experiências pessoais e familiares, entre outros. Seria então a soma desses fatores, uns mais fortes do que outros, para determinar as causas desses transtornos que abalam a qualidade de vida de quem sofre desse mal.

Um ponto importante que precisa destacar, e que seria a base desses transtornos, é quando a comida deixa de ser um meio para se alimentar, e passa a ser o contrário, se transforma em algo do qual a pessoa se torna dependente, e sente angustiado, necessitando dessa forma, comer para “curar momentaneamente” essa angústia.

Infelizmente quando a pessoa na tentativa de se sentir melhor consigo, acaba por criar um ciclo de comer para saciar um vazio, e seja ele causado por um sentimento de ansiedade, bem como experiências do dia a dia que frustram, que trazem tristeza, raiva, medo, etc., e esse alimento é ingerido em grande quantidade, de forma compulsiva, acaba gerando mais tensão e culpa na pessoa. O que torna um ciclo vicioso. E com isso surgem os transtornos alimentares nas suas mais variadas formas e prejuízos, seja a compulsão alimentar, anorexia, bulimia e vigorexia. 

As consequências para esses tipos de atitudes e comportamentos são inúmeras: depressão, transtorno do pânico, diminuição da autoestima, autocrítica, crença de incapacidade (de controlar seus atos ao comer), baixa tolerância à frustração, sentimentos de culpa, fracasso, arrependimento, supervalorizam o peso e a forma corporal, se tornando escravos do corpo. Tudo isso traz um prejuízo enorme para a qualidade das emoções e sentimentos. 

Para lidar com esses comportamentos que geram muita frustração para a pessoa, existem alguns passos que são necessários. O primeiro e o mais importante é perceber que há algo de errado, e aceitar que precisa de ajuda profissional. (psicólogo/nutricionista/médico).

Outras atitudes incluem: ter ao seu lado um diário para anotar tudo o que foi consumido, e quais são os pensamentos e emoções que acompanham, e que estão relacionados, assim você inicia um processo de autoconhecimento, e começa a entender quais são os gatilhos que desencadeiam os episódios de compulsão. A Psicoterapia pode ajudar muito na identificação desses gatilhos, e como ressignificar os hábitos e crenças limitantes. 

Fazer uma troca de hábito ao sentir que irá comer compulsivamente, como por exemplo, experimentar alimentos mais leves (frutas docinhas, nozes, castanhas, mel, etc.), beber água, sucos, vitaminas, fazer algum exercício, respirar profundamente, tomar um banho, use sua criatividade!

É fundamental o apoio familiar, para incentivar e não julgar. Não fique se culpando, apenas anote, pois todo comportamento merece crédito e atenção. Não demore para procurar auxílio profissional, converse com os amigos, familiares, e lembre-se, todos nós passamos por momentos difíceis na vida, e contar com o apoio dos outros faz parte, e não há o que se envergonhar quando se quer melhorar!

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Camila Jacob

Graduada em psicologia pela PUC Campinas, há 16 anos. Especialista em Treinamento em Psicoterapia Breve Psicanalítica, pela Unicamp. Atuou por 10 anos, como Matriciadora de Saúde Mental na Rede Pública. E trabalha com Psicoterapia, há 16 anos, em consultório próprio.

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