Relacionamentos afetivos
Quando falamos sobre um relacionamento, estamos dizendo que uma pessoa, com sua história, carregada de tudo o que lhe foi ensinado pela sociedade, pela família, por suas experiências individuais, se reunirá a outra pessoa, tão diversa de suas características quanto possamos imaginar.
E quanto mais diversa é a comunidade da qual essas pessoas pertencem, mais diversa será a forma de expressão e as questões vivenciadas. Afinal a sexualidade (capacidade humana subjetiva de estabelecer relacionamentos afetivo/sexuais) é altamente influenciada pelas nossas vivências e experiências anteriores.
E, embora estes indivíduos estejam inundados pelo desejo de compartilhar suas vidas, é importante compreender que a forma mais saudável de vivenciar uma relação afetiva é preservando suas individualidades.
Esse é o primeiro grande desafio do casal. Principalmente porque muitas pessoas buscam uma relação para satisfazer necessidades individuais como necessidade de ter alguém ou medo da solidão por exemplo (possivelmente reflexos de questões relacionadas à autoestima).
Outro item importante é como cada indivíduo espera viver sua relação afetiva. Todos nós criamos expectativas acerca de como deveria ser uma relação para nos trazer satisfação e prazer. Alguns pendem para uma relação aberta, para que possam ter mais espaço e satisfazer suas múltiplas necessidades, outros pensam na monogamia, buscando estabilidade, segurança e comprometimento.
Cabe ressaltar que não há um modelo correto, mas uma necessidade de que ambos se posicionem sobre o que é importante para si, e como essas necessidades individuais podem ser expressas, respeitando o limite do outro, e com base nisso, se sintam livres para adotar um formato de relação afetiva satisfatória. Aqui cabe uma observação sobre como, ainda nos dias de hoje, com toda a nossa luta pela liberdade de expressão sexual inclusive, é possível perceber que as pessoas ainda estão controladas por modelos tradicionais de relacionamentos. Muitas regras acerca da segurança e do romantismo foram criadas e são difíceis de serem colocadas em prática num ambiente de maior flexibilidade – o que normalmente traz conflitos para o casal resolver.
Compreender a expressão dos papéis de gênero (papéis impostos pela sociedade dizendo como devemos agir/ser) é outro ponto bastante relevante numa relação, principalmente tendo em vista que na comunidade LGBTQIAPN+ teremos identidades de gênero (como cada um se reconhece independente de sua genitália) diversas. E se considerarmos que todos nós, embora nas lutas sociais, ainda nascemos numa sociedade predominantemente machista, é impossível negar que temos conceitos arraigados e que, infelizmente, ainda se revelem nas nossas relações. Desta maneira, é imprescindível desenvolver o autoconhecimento e os sentimentos de autoestima, pois estes repertórios irão nos fortalecer e nos permitir exercer com totalidade nossa liberdade.
E por último, mas provavelmente o mais importante, é fundamental que o casal estabeleça uma comunicação flexível, transparente e consistente. A assertividade na relação amorosa é imprescindível. Entretanto as falhas mais comuns são as omissões – normalmente para não magoar o outro – e agressões. Porém quando não há a comunicação adequada, os conflitos tomam conta da relação e os problemas passam a ser colocados “debaixo do tapete”, em vez de serem resolvidos. E pior, quando se percebe, a relação já não tem forças o suficiente para resolvê-los. Manter uma comunicação eficaz traz conexão para o casal e ajuda a fortalecer a relação.
Enfim, quando falamos numa relação afetiva, estamos falando na necessidade de que cada indivíduo consiga avaliar suas próprias necessidades, e balanceá-las com as necessidades do outro. O olhar constante sobre a relação e sobre sua satisfação individual, impede que pequenas questões sejam deixadas de lado, e motiva a construção conjunta de um caminho feliz.
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Erika Scandalo
Especialista em Psicologia Clínica Comportamental, produz conteúdo sobre a vida e como aproveitá-la de diferentes formas. Acredita que a felicidade é consequência de uma visão proativa sobre as dificuldades. Ser feliz é mais um olhar sobre o que se é, do que ter tudo o que se quer.
Nosso desejo sexual pode variar ao longo da vida e isso não é um problema. Dependendo da nossa rotina, da nossa saúde física e mental, da nossa idade, da nossa sensação de bem-estar, dentre outros fatores, podemos estar com maior ou menor libido, sem necessariamente ter algo de errado. Mas quando essas alterações se tornam persistentes e prejudicam a vida da pessoa, algo deve ser feito para reequilíbrio do organismo.