Estar na Pele da Bruli: Página 14
Meu retalho mental
olha quem deu as caras depois de um tempão, rs.
não tenho nem vergonha na cara de sumir assim, né?
cê sabe que pra escrever esse texto foi um desafio gigante, primeiro por conta da correria da vida que me fez passar do prazo que eu tinha pra entregá-lo, e outra pelo próprio bloqueio criativo de escrever algo que seja realmente interessante e tenha na intenção o propósito de despertar algo bom nas pessoas que forem ler, principalmente naquelas que estão precisando de um alívio mental. quase que esse texto não sai. eu sentei umas duas vezes no computador e deu error interno, haha.
e quando isso acontece, vocês sabem que eu apelo pra realidade nua e crua!
eu não queria escrever algo clichê, só porque tá na moda falar de saúde mental, eu acho que muita gente já sabe o que pode fazer mas não fazem, e outras nem se dão o privilégio de parar pra pensar sobre, porque ainda é um privilégio mesmo, infelizmente.
como falar sobre saúde mental quando a pessoa que vos escreve é caótica e doidona? talvez assumindo essa faceta no mundo mesmo!
quando eu paro pra pensar em saúde mental e mais especialmente na minha, eu vejo que por mais que minha couraça passe uma mensagem de que sou uma pessoa calma, equilibrada, esclarecida, que sempre tem uma palavra de sabedoria pra trazer ou que consegue enxergar os várias possibilidades e facetas de um assunto; mas eu sinto que ainda é um lugar muito vago e abstrato dentro de mim, porque se fala de mente: esse tecnológico aparelho etérico que nos é dado ou adquirido em nossa concepção. ela pode ir para lugares maravilhosos e assombrosos, no mesmo tempo, até porque o tempo nem existe como imaginamos. como vocês mesmas podem ver, estou divagando, cara leitora. pelo simples motivo de que venho dizendo ultimamente que estou maluquinha, e ando preferindo a alienação para sobreviver mesmo. não só sobre as questões que andam acontecendo no planeta, mas com as coisas que andam acontecendo aqui dentro de mim. eu ando me sentindo um pouco incompatível e estéril com o mundo ao meu redor. é queimada que não acaba mais e consequentemente ar poluído, o sol literalmente destilando ódio e câncer, é taxa de “não sei o quê” do limite de recursos da terra, é ter que sair de casa levando biquini pro calor que possa fazer em são paulo ou casacos imensos pra frente fria que pode vir. ou seja, se você dar um pequeno zoom, vai ver que o projeto humanidade está dando errado! a terra vai continuar existindo, é óbvio; e nós? e isso me coloca uma urgência danada de que precisamos fazer alguma coisa mas que não está ligada diretamente a nós, que não nos cabe… tem a ver com os bilionários, tem a ver com as grandes multinacionais e internacionais, com os sertanejos que botam fogo por aí, justamente porque eles têm pra onde correr. a responsabilidade é todinha deles, tiremos esse fardo das costas. e o dinheiro? o nosso poder de compra só diminui. e a desempregabilidade que só está aumentando no mundo? e a crise econômica que o mundo está enfrentando…? a qualidade dos produtos que consumimos? ultimamente eles parecem de plástico, inclusive as frutas. e como tem sido morar num brasil sucateado? se parar pra pensar você não para e sucumbe, e não aguenta mais.
[aqui houve mais um bloqueio criativo de dias em mim]
[retomando…]
eu não sei muito bem o que dizer nesse texto se não me repetir com aquilo que já digo em outros textos, mas talvez porque estejamos emburrecendo mesmo e precisemos de repetição, como um mantra. a única coisa mais prática que consigo perceber é que a saída é pra dentro, se autorresponsabilizar, mas sem se culpar - se não caímos numa ciladinha interna que a mente cria, ela é experte em fazer isso. o foda é que essa safada da mente nunca está feliz com nada, ela é feita pra processar os dados assim, e pronto. se algo deu errado você se cobra, se algo bom acontece você nem se parabeniza. a gente tem muita dificuldade em aceitar os fatos como eles são, ao invés disso nos grudamos em histórias ou tentamos ser proprietários de algo ou alguém. tudo isso traz frustação, desconforto, desgosto e um incansável sensção de sermos inacessível, de nós mesmos. enquanto a realidade está lá, do jeito que é, e não enxergamos. e ela não pode ser diferente do que é. eu mesma sou uma mestra de fugir da realidade, de criar meus confortos imaginários, os meus roteiros; e talvez precisemos mesmo, mas o lance é aprender a hora de soltar, de perceber quando a história virou apego e desapagar. viva sua verdade com veracidade, até ela não fazer mais sentido e você precisar se agarrar numa nova história.
mas agora, pára pra pensar, se você está confusa, tem algo de bom nisso… imagina concordar com essa loucura mundial que nos acomete? é preciso um pézinho fora da realidade mesmo.
talvez esse desconforto nos leve pra algum lugar que ou vai nos destruir ou nos salvar. é estranho pensar que estamos por um fio.
com o material que eu tenho hoje nas mãos e com o ar seco de são paulo eu não consigo garantir nem prever nada.
perdoa se eu te deixei mais confusa? mas é que o véu está mais fino mesmo e as realidades, o espaço e o tempo cada vez mais subjetivos. a vida é assim mesmo, te dá um tapa aqui, amacia o couro acolá… vou te deixar um poeminha pra compensar.
“Quando ouvi o astrônomo erudito,
Quando as provas, os números foram enfileirados diante de mim,
Quando me foram mostrados os mapas e diagramas a somar, dividir e medir,
Quando, sentado, ouvia o astrônomo muito aplaudido, na sala de conferências,
Senti-me logo inexplicavelmente cansado e enfermo,
Até que me levantei e saí, parecendo sem rumo
No ar úmido e místico da noite, e repetidas vezes
Olhei em perfeito silêncio para as estrelas.” - Walt Whitman
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Bruli Maria
Se declara uma cuidadora do planeta, apaixonada por gatos e multi-artista, trabalha como: atriz, dj, modelo, taróloga, micro-influenciadora e terapeuta; e agora se aventura no universo da escrita também por aqui. Mora na mata atlântica de Nazaré Paulista, o que a permite uma escuta profunda com a vida e com a natureza.
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*As opiniões expressas na coluna Estar na Pele não refletem diretamente as posições editoriais do Instituto Bem do Estar, são baseadas nas experiências dos colunistas e suas versões do fato, sendo a ideia da coluna um diário aberto onde autores podem expressar suas experiências de forma genuína se aproximando dos leitores.
Não hesite em procurar ajuda profissional, sofrimento emocional não é normal e você não precisa passar por isso sozinho:
Nosso desejo sexual pode variar ao longo da vida e isso não é um problema. Dependendo da nossa rotina, da nossa saúde física e mental, da nossa idade, da nossa sensação de bem-estar, dentre outros fatores, podemos estar com maior ou menor libido, sem necessariamente ter algo de errado. Mas quando essas alterações se tornam persistentes e prejudicam a vida da pessoa, algo deve ser feito para reequilíbrio do organismo.