Como ensinar o que é saúde da mente para os pequenos?
É sempre bom pensar na educação infantil como o principal meio viável de mudança do mundo e, dentro deste ponto, pode-se refletir sobre a infância, a escola, os professores, a família e, principalmente, a sociedade. O que se carrega para a vida adulta, quais valores e deveres. Como cada pessoa lida com aquele pensamento de que “faria diferente” ou o de que “faria exatamente igual" na sua vivência. Criar um novo ser requer doação, entrega, responsabilidade e muitas outras obrigações. Mas será que alguém leva em consideração que para tal papel é preciso cuidar da mente primeiro? Das marcas que ficaram, das dores que ainda estão latentes e daquelas que já cicatrizaram.
Como pensar em criar uma criança emocionalmente saudável se o adulto responsável não está? Sem dúvidas é uma tarefa impossível. Há uma metáfora popularmente conhecida do avião, que diz “Em uma turbulência aérea as máscaras cairão automaticamente, e que se alguém precisar de ajuda, primeiro coloque a sua máscara para depois ajudar quem precisa..” Parece óbvio, mas raramente é levado em consideração, principalmente quando se trata de pais, que pela própria natureza da responsabilidade não se pode dar ao luxo de repousar em um momento difícil ou até de ficar doente. Pais levantam todos os dias escondendo o cansaço e engolindo o choro para mostrar-se bem à seu filho.
Mas então, como é possível ensinar o que é saúde da mente aos pequenos?
O dia a dia vai mostrando como fazer, é claro que abrindo mão de toda carga adquirida de maneira inconsciente, ou seja, tendo respeito pelo que a criança sente, se importando com as suas dores que até pode parecer bem insignificante para os adultos, mas não é para uma criança. Colocando como primeiro ponto, EMPATIA. Se coloque no lugar do seu filho e perceba que aquele choro todo não é só porque o “brinquedo quebrou”, mas sim algo de muito valor para ele.
O segundo passo, também de extrema importância, é o ACOLHIMENTO. Mostre que se importa com o que ele sente, e que está ali se precisar de um abraço, use frases que validam seu sentimento, como “Eu entendo que está sofrendo porque seu brinquedo quebrou e você está se sentindo triste, gostaria de um abraço para se sentir melhor?” ou “Eu sei que está frustrado porque o brinquedo quebrou, o que acha de tentarmos conserta-lo?”, nomeie os sentimentos para que ele comece a compreender o que sente.
Nunca, em hipótese alguma, deve impedi-lo de chorar, de expressar o que sente. E coloco aqui o saber de que é realmente difícil ver uma criança chorar por tanto tempo e não fazer nada. Pode causar muita irritação e estresse em nós, adultos. Mas é importante manter o controle, o equilíbrio. Se não conseguir, retire-se do lugar, mude de ambiente, lave o rosto, RESPIRE.
Ensinar sobre saúde da mente é sim um grande desafio diante de tantos outros que cada mãe e pai carrega diariamente, em alguns momentos pode parecer até uma tarefa quase impossível, mas com o tempo você verá os resultados. Ao observar seu filho brincando com gentileza e cuidado, quando ouvir o que ele fala com amigos, ou como reage em algumas situações.
Às vezes você pode se sentir perdido e acreditar que não está indo bem mesmo diante a tanto esforço, mas lembre-se de que nada acontece de imediato, é como plantar uma sementinha, vai levar tempo até que você realmente consiga ver que ela está brotando, que valeu a pena toda essa trabalheira e também não se esqueça que todos erram e o mais importante não é sobre “estar certo o tempo todo”, e sim saber voltar atrás, pedir desculpas e tentar melhorar a cada dia.
Lembrar de como foi sua criação e de como você foi recebido neste mundo é muito importante, seres humanos aprendem por repetição e fazem isso por toda a vida. Muitas vezes esse ato é totalmente inconsciente, fazendo com o outro o que fizeram à você. E quando se tem noção disso, “consciência”, tudo passa a ser diferente; porque não há mais a reprodução demasiada e inconsciente. Há o questionamento, investigação e o entendimento dos porquês de suas ações e reações. Nesse momento é que começa a ser você o capitão do navio, guiando a sua própria vida e fazendo suas escolhas.
Sempre que fizer algo por impulso e que te trás um sentimento de culpa logo depois, pare e pense bem se realmente está tendo tal atitude porque realmente quer ou porque simplesmente absorveu aquilo como o que tem que ser feito; o certo para a sociedade e sua família pode não ser o que é certo para você, siga a sua verdade e intuição. O sentimento que fica depois da ação mostra a você como deve agir, ter a certeza de que fazer o que acredita mesmo sendo cansativo não traz culpa. Algumas atitudes merecem uma análise mais cuidadosa, entender o porque possui esse tipo de comportamento com seu filho pode ocasionar em uma quebra de tudo aquilo que tinha como verdade absoluta, proporcionando então, a mudança.
Todas as reações têm um porquê e entendê-lo pode ser o melhor caminho para o autoconhecimento. Trazer essa clareza para o consciente te tira da ignorância; e quando você começa a mexer, cutucar a sua história vai começar a entender, isso faz parte do mais incrível processo de descoberta da sua própria identidade; sem o peso que a sociedade coloca. Seja você o seu padrão na educação de seus filhos.
Chegou a hora de mudar a chave
Os pequenos não merecem mais crescer com tanta dor, apatia e mágoa desnecessária; há coisas que podem ser facilmente evitadas. Pais, se empoderem, proporcione ao seu filho uma criação com respeito, acolhimento, apego e amor. Se sensibilize, ensinem, ao invés de podar o seu conhecimento, a sua criatividade. Estimulem a sua independência para que aprenda a pensar sozinho de forma lógica e consciente, deixe que seu filho tome iniciativas, espere ele falar sem interromper ou completar suas frases.
Ensinar sobre saúde mental para sua criança pode provocar em você a necessidade de se conhecer também, de investir na sua própria saúde emocional, lembre-se que a criança absorve mais observando do que qualquer outra forma, então seja para ela o seu maior exemplo, invista em você para que seus filhos cresçam saudáveis psicologicamente, torne da sua casa um ambiente de acolhimento, aceitação e amor.
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Louise Barbosa
Gestora de recursos humanos pelo Centro Universitário Jorge Amado e Psicanalista formada pelo Instituto Oráculo de Psicanálise, aborda temas como ansiedade, depressão, autoconhecimento e maternidade. Atua em consultório particular na forma presencial e online. Também é uma utilizadora da clínica peripatética em casos específicos.
Nosso desejo sexual pode variar ao longo da vida e isso não é um problema. Dependendo da nossa rotina, da nossa saúde física e mental, da nossa idade, da nossa sensação de bem-estar, dentre outros fatores, podemos estar com maior ou menor libido, sem necessariamente ter algo de errado. Mas quando essas alterações se tornam persistentes e prejudicam a vida da pessoa, algo deve ser feito para reequilíbrio do organismo.