Estar na Pele da Lilly: Página 04
Dia das Mulheres
Na literatura, principalmente na poesia, a flor é uma imagem do feminino, estendendo o seu ciclo de vida às mulheres. Quando é um botão, é uma jovem cuja virgindade deve ser protegida. Na sua floração, uma mulher no ápice de sua beleza. Ao murchar, uma idosa imprestável. E eu me pergunto, quanto disso não impactou a saúde mental de várias gerações de mulheres. Vejam, o meu problema aqui não é com as flores, elas são lindas, o meu problema é com a ideia por trás dessa metáfora. E isto é apenas um dos milhares de pensamentos problemáticos que constituem o imaginário coletivo a respeito das mulheres e dos papéis que devem cumprir em cada fase de suas vidas.
No momento em que uma menina nasce, ela começa a ser criada sob uma perspectiva de como sua vida deveria ser futuramente. Lhe dão uma boneca para brincar de ser mãe e ela ainda nem tem dois anos. “Não faça isso, é coisa de menino!” “Se senta que nem mocinha!” “Não use o cabelo assim!” “Essa profissão é de homem!” “Como assim você não vai ter filhos?”
E depois nos perguntam porque temos ansiedade, depressão e porque vamos à terapia duas vezes por semana.
Raras foram as mulheres que puderam ter a liberdade de sonhar as suas vidas como as queriam, sem antes ter que lutar por isso.
Sempre, por menor que seja, existe alguma expectativa a respeito de uma mulher. E isso abrange vários aspectos: aparência, tipo de corpo, profissão, família, raça, religião, sexualidade, identidade de gênero e muitas outras. Como se não bastasse, há um diferente tipo de exigência para cada fase da vida da mulher. Eu vejo isso na minha própria família e como afetou tanto a minha saúde mental quanto a da minha mãe e da minha vó.
Três gerações. Quantas não sofreram antes e quantas ainda terão que sofrer?
Eu realmente não sei. Mas espero que não muitas. Acredito que o que podemos fazer até lá, é um trabalho interno de autoconhecimento, auto aceitação e, depois, de expurgação de tudo que não é genuinamente nosso e que foi colocado em nós por mãos alheias. Talvez assim, traremos um pouco de paz à nossa mente.
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Lilly Alpina
Eu encontrei um refúgio nas palavras quando ainda era uma pequena menina. Sempre que a tarefa era escrever uma redação, eu ultrapassava o limite de linhas em páginas. Agora que cresci um pouco, entendo o porquê. É uma ponte para o meu interior que me ajuda a me conectar com as minhas emoções e a entendê-las. E assim como é para mim, espero que seja também para outros. Espero que, de certa forma, as minhas palavras lhes confortem e sirvam como um espaço para o autoconhecimento.
Nosso desejo sexual pode variar ao longo da vida e isso não é um problema. Dependendo da nossa rotina, da nossa saúde física e mental, da nossa idade, da nossa sensação de bem-estar, dentre outros fatores, podemos estar com maior ou menor libido, sem necessariamente ter algo de errado. Mas quando essas alterações se tornam persistentes e prejudicam a vida da pessoa, algo deve ser feito para reequilíbrio do organismo.