Saúde da mente e felicidade...

Quem não deseja ser feliz?

O ano começou e você, certamente, recebeu diversos votos, sendo ao menos um deles, inevitavelmente, desejos de FELICIDADE!

Mas, você já se perguntou, exatamente, o que é felicidade? Como ela é construída? E qual a relação entre felicidade e saúde mental?

Foto: Olga Nayda / Unsplash

Normalmente, relacionamos felicidade com realizações, como sucesso no trabalho, bem-estar físico e emocional, saúde na família, e todas as outras questões mais clichês como ter um carro bacana, morar num lugar legal, fazer grandes viagens, etc, etc…

Porém, uma casa à beira mar, se estiver vazia, não traz felicidade. E, para que ela esteja cheia, é necessário que eu tenha habilidades agregadoras, afinal, como consequência destas habilidades, construo relações familiares e de amizade.

Este enfoque da felicidade é que gostaria de trazer para a discussão neste texto:


Você sabia que é possível produzir sua felicidade? Mas, para isso, é preciso ter saúde mental.

E, para explicar este conceito, vou utilizar a Análise do Comportamento - teoria que baseia meus atendimentos como psicóloga clínica.

Para a comportamental, a felicidade é um sentimento como a angústia, o medo, o amor... E os sentimentos são reações físicas do nosso corpo, que acontecem juntamente com pensamentos, mas tão junto, que na maioria das vezes não conseguimos nem identificar o que é físico ou cognitivo em tudo o que está acontecendo. Por exemplo: quando estamos andando numa rua escura e vazia, vivenciamos aperto no peito, coração batendo forte e rápido, respiração ofegante, juntamente com pensamentos sobre como devemos reagir para evitar o perigo iminente, arrependimento de ter escolhido essa rua menos movimentada, etc. Se alguém nos perguntasse, neste exato momento, sobre o que estamos sentindo, certamente poderíamos dizer: estou com medo.

Com base nesta explicação, podemos afirmar que nossos sentimentos são consequências da nossa interação com o ambiente – tanto o ambiente externo – as pessoas, o mundo – quanto o ambiente interno – todas as reações físico-químicas que estão acontecendo em meu corpo.

E você então me pergunta: ok, entendi, mas o que isso tem a ver com a felicidade, e como isso se relaciona com a saúde mental?

Considerando que os sentimentos foram “produzidos” por essa interação, e que também posso muitas vezes escolher as interações que desejo ter com o mundo, podemos deduzir que os sentimentos podem ser fabricados por nós.

Mas, para isso é preciso uma boa pitada de autoconhecimento – para saber o que realmente é importante para mim e quais as minhas reações frente a determinadas situações; ex.: eu não gosto de atrasos. Se me relaciono com pessoas que frequentemente atrasam, constantemente estarei irritada. Faz sentido essa explicação para você?

Também, será necessário colocar em prática as habilidades de autocontrole, ou seja, a partir do momento que entendo o que é importante para mim, é necessário conseguir agir em direção a isso. Um exemplo é saber e desejar ter um corpo saudável. Para conquistar um corpo saudável é preciso escolher a qualidade dos alimentos, sua quantidade, a frequência das refeições. Imagine que eu esteja em frente a uma vitrine de doces, numa padaria, junto com alguns amigos e todos compram algum doce como sobremesa do almoço. Você poderia me observar e dizer que tenho autocontrole, caso eu, mesmo com vontade de comer doces, optasse por não comprar nenhum, simplesmente por estar seguindo uma dieta de restrição calórica, com o objetivo de emagrecer alguns quilos.

E. por terceiro, mas não menos importante, gostaria de ressaltar a importância de nos relacionarmos bem com as pessoas, uma vez que somos seres sociáveis e a ação das pessoas me impactam, assim como as minhas ações as impactam também – seja positiva ou negativamente. Quando eu consigo expressar minha discordância sobre um assunto, mesmo correndo o risco de ser criticada ou sabendo que a pessoa pode ficar magoada comigo, facilmente você me diria que sou uma pessoa muito assertiva, ou mesmo habilidosa socialmente.

Agora a pergunta fundamental é: se as condutas exemplificadas anteriormente, de forma geral, são consideradas apropriadas, por qual motivo não conseguimos agir desta maneira? Por que razão não conseguimos ter autocontrole, autoconhecimento e habilidades sociais? Simplesmente por falta de saúde mental.

Porque saúde mental não é apenas não estar deprimido ou ansioso. Saúde mental não é a ausência de doenças. Saúde mental é ter condições comportamentais de me relacionar com o mundo de maneira a trazer mais satisfação e menos sofrimento, tanto para mim quanto para os que me rodeiam.

E a melhor notícia que posso lhe dar é que também podemos aprender a ter saúde mental. Mas uma condição é imperativa para isso: você percebeu que nos exemplos que citei, e nos itens que escolhi para discutirmos, é fundamental que sejam feitas escolhas? Você percebe como em cada situação citada teríamos diversas possibilidades, mas que algumas escolhas levam a consequências mais saudáveis do que outras? E quando fazemos escolhas mais adequadas, somos mais felizes, simplesmente porque as consequências são mais favoráveis.

Em grande resumo: aprenda a fazer escolhas adequadas e, como consequência, terá saúde mental para produzir sua própria felicidade. Mas, não a felicidade ligada a compra de bens ou coisas materiais - isso também - mas, principalmente, na vivência diária com as pessoas e com você.

O último ponto que gostaria de convidar para reflexão é a importância de estarmos atentos para nossas escolhas diárias, nas menores coisas. Sua felicidade é composta de vários momentos felizes, ou melhor dizendo, de várias escolhas que poderão produzir felicidade. Ter uma casa de campo é uma conquista maravilhosa, mas o momento do café da manhã, do deslocamento para o trabalho, da relação com quem te rodeia, da sua relação com seus medos... essas são as escolhas que estão presentes cotidianamente. E são essas vivências pequenas e diárias que formarão um conjunto de sentimentos, os quais você nomeará de felicidade.

Que escolhas você deseja fazer para 2024?

#ficaadica: a terapia é um espaço onde podemos pensar e construir essas reflexões. Sair da zona de conforto, procurar ajuda, também são escolhas.


***

Erika Scandalo

Especialista em Psicologia Clínica Comportamental, produz conteúdo sobre a vida e como aproveitá-la de diferentes formas. Acredita que a felicidade é consequência de uma visão proativa sobre as dificuldades. Ser feliz é mais um olhar sobre o que se é, do que ter tudo o que se quer.

Erika Scandalo

Especialista em Psicologia Clínica Comportamental, produz conteúdo sobre a vida e como aproveitá-la de diferentes formas. Acredita que a felicidade é consequência de uma visão proativa sobre as dificuldades. Ser feliz é mais um olhar sobre o que se é, do que ter tudo o que se quer.

http://www.erikascandalo.com.br/
Anterior
Anterior

Estar na Pele da Letícia: Página 10

Próximo
Próximo

Estar na Pele da Adriana: Página 22