Saúde da mente LGBTQIAPN+

A campanha deste mês do Instituto Bem do Estar tem como foco a saúde da mente da comunidade LGBTQIAPN+, que amorosamente me convida a escrever este artigo, a fim de promover a reflexão com total respeito ao ser humano.

Ao longo destes anos como psicanalista eu acolhi em meu consultório este público, que chega em busca de ajuda para ser aceito por familiares, amigos e sociedade da maneira que são, em sua essência e identificação.

Foto: Carlos de Toro / Unsplash

Acolho com amor e respeito, e estendo a caixinha de lenço para amparar as lágrimas que escorrem por toda incompreensão, preconceito, julgamento, repúdio, rejeição, sarcasmo, ofensas, sátiras, intolerância, exclusão e tantas outras formas de maus tratos ao semelhante.

Certa vez eu fui entrevistada numa filosofia religiosa, e entre as perguntas, uma fez referência a minha filha mais velha, que naquele ano ainda era jovenzinha.

A pergunta foi: se a minha filha escolhesse se relacionar com uma pessoa do mesmo sexo, qual seria a minha posição em relação a homossexualidade?

Eu respondi: respeito a escolha dela, seja qual for, se vai se relacionar com homem ou mulher, para mim está tudo bem, afinal quando ela fechar a porta do quarto, eu não vou estar lá para ver absolutamente nada, respeito a intimidade e privacidade dela, eu já sigo com a minha escolha.

Claro que a minha resposta criou um mal-estar e polêmica, e posso afirmar: anos se passaram, e a minha opinião continua a mesma e se aplica a filha caçula, o que ela decidir para ela, eu estou de acordo, porque muito além disto, eu desejo que sejam felizes o quanto conseguirem ser e que compartilhem a vida com quem juntamente vivam momentos de felicidade e prazer.

Vejo tanto sofrimento em mentes atormentadas pelo preconceito e preocupadas com o que vão falar, corações aflitos, partidos, amargurados, tudo em decorrência do preconceito e do julgamento.

Que sociedade cansativa...

Já parou para refletir a quantidade de grupos e comunidades à margem da sociedade que levantam bandeiras para garantir um lugar ao sol, que em verdade já existe para todos nós?

Se a gente juntar todas as lutas pelos excluídos e diferentes do “padrão”, talvez sejamos a maioria da população, e ainda assim passamos tempos nos justificando para olhares que recriminam desde uma espinha no rosto até o incompreendido de uma mente obsoleta do circuito fechado nos dogmas e crenças limitantes.

Temos também os medos arraigados do tripudio ao amor da forma que se manifesta, seja entre negros e brancos, pobres e ricos, feios e bonitos, altos e baixos, magros e gordos, analfabetos e letrados, homens e homens, mulheres e mulheres, e as mais variadas formas de amar.

O proibido sempre existiu, para tudo que mexe nos valores e convicções do ser humano, assim como desde sempre existe a tentativa do amor entre as conveniências, e durante toda a trajetória da humanidade, são inúmeros os exemplos de quanto a amor é livre, e simplesmente acontece, de maneira que a racionalidade não tem argumentos para a emoção que surge com força e verdade entre os enamorados.

Sabendo disto, da força do amor, inclusive de escolher a morte caso não seja possível viver o amor, como ainda nos ocupamos da tentativa de impedir a expressão do amor?

E me refiro ao amor como um todo, amor por si mesmo, amor entre pais e filhos, e nas mais variadas relações, quando a manifestação do amor se dá, inclusive na lealdade de ser quem se é, e não é respeitado, quantos transtornos surgem a partir disto? E o ceifar da vida? E a marginalização? E os subempregos? E o mundo sombrio da exclusão? 

Pensar que tantas questões podem ser suavizadas ou até mesmo extinguidas, com uma simples mudança de comportamento, um olhar de afeto, amor, respeito, compreensão, acolhimento, escuta ativa, empatia, solidariedade … uma mão estendida, a mente aberta e o coração disponível para inclusão.

Seja você quem for, você tem o direito de ser você, da forma que você é, do jeito que você se vê, da maneira que se percebe, e por mais desafiador que seja, sempre haverá alguém neste mundo que te olha com amor e respeito, o mundo é tão seu quanto de qualquer outra pessoa, viva, brilha e seja você.

Eu sou um alguém neste mundo, que junto a outros “alguéns”, somos pessoas que amamos e respeitamos a essência do ser humano, seja qual for a forma de se manifestar, você é único e tem o seu valor do jeitinho que você é, acredite no poder de ser você. Você está escrevendo a história da humanidade com a sua existência!

***

Crystiane Faria Feijes

Uma profissional que olha para a mente humana: consciente e inconsciente, as relações intra e interpessoais, a família, a estrutura da formação da psique (traumas, sintomas, dores e doenças), as forças de caráter, saúde mental, sonhos, sucesso, sentido da vida, são assuntos recorrentes nestes 10 anos de atendimentos psicanalítico e sistêmico. E quanto mais ela se coloco a serviço deste algo maior, que envolve a todos nós, mais observa o universo brilhante, e ainda inexplorável que somos.


Crystiane Faria Feijes

Eu sou uma ajudante de pessoas, à serviço da Humanidade, e me coloco a servir a mais de dez anos, com as expertises de Psicanalista, Palestrante, Facilitadora em Constelação Familiar (Hellinger), Especialista em Psicologia Positiva, Mentora, Master Coach Trainer (IBC), Treinadora em Desenvolvimento Humano, Hipnoterapeuta Clínica e Ericksoniana, Master Practitioner em PNL Integrativa Aplicada, Relações Públicas (Metodista) e Escritora. Idealizadora e fundadora do IOSI (Instituto Origem do Ser Integrado).

Graduanda em Psicologia, sou engajada no estudo contínuo da psique, do comportamento e das relações humanas, observáveis em sua singularidade e complexidade, nestes anos de setting psicanalítico. Assuntos relacionados ao autoconhecimento, saúde integrativa (biopsicossocial espiritual), bem-estar, felicidade, empoderamento dos recursos e habilidades e sistema familiar, são enfoques da minha dedicação profissional e projeto de vida.

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