Estar na Pele da Letícia: Página 07

Uma segunda-feira pós crise. Foram mais de 24 horas de um desespero que me consumiu por completo. Acho que eu nunca chorei tanto na minha vida (mas, verdade seja dita, eu digo isso depois de todas as crises).

Eu tenho uma mania horrível de perguntar “o que eu faço?” para absolutamente todo mundo durante meu pico de ansiedade. Eu preciso de uma resposta, de uma receita, um checklist perfeito de como sair do redemoinho de angústia que me arrasta para muito mais fundo do que é possível colocar em palavras. 

Bom, segunda-feira. Acordei 5 horas da manhã com muita vontade de chorar. Não queria ir para a faculdade, não queria ver ninguém. Não queria comer ou tirar ou pijama. Não queria olhar o céu do lado de fora da janela. 

Queria paralisar o tempo para ter condições de acompanhar as outras pessoas… porque é ridiculamente triste encarar rostos descansados do final de semana e, ao olhar para dentro, ver só destruição.

Levantei. Comi. Senti inveja de quem parecia em paz. Não é nem feliz, entende? Só almejo um pouco de calmaria. 

Aula das 7h às 11h35. O foco pós crise consegue ser pior que o foco do EAD. Eu-só-quero-sair-daqui, meu cérebro me pede. Deveria ter autorização de falta para transtornos mentais? Sempre me questiono isso. Hoje seria muito bem utilizado.

A tarde me afogo no trabalho. É tanta coisa, me demanda tanta energia… o final do expediente não coincide com o final do dia, infelizmente. 

Queria me enrolar na minha cama e nunca mais sair. Mas ainda tenho o terceiro round: correr atrás dos estudos que se acumulam numa pilha que ateia fogo a minha ansiedade. 

Não tenho forças. Termino o dia 23 horas chorando de soluçar por não ser forte o suficiente para equilibrar todos os pratos. Talvez ninguém seja. 

É que, infelizmente, o pós crise se parece muito com uma crise. Estou exausta, me sinto deprimida, cansada, feia, insuficiente. Me sinto um grão de areia dentro d’água. Nada.

Quis trazer um pouco da realidade para vocês porque, mesmo falando e escrevendo sobre ansiedade há tantos anos, nem tudo é um mar de rosas. Não tenho as respostas que gostaria de ter. Não sei vencer todas as minhas batalhas, mal sei lutar todas as minhas batalhas. 

Só posso crer que, de pouquinho em pouquinho, eu me desmorone menos. 

O amanhã há de ser menos cruel com a gente, sim?

***

Letícia Cais

Letícia é estudante de Direito e autora de “Gira, o livro”. Canceriana, sente tudo com intensidade. Começou a publicar seus textos na internet em 2016 e nunca mais parou.

Apaixonada pela escrita e por tudo que ela proporciona, encontrou nas palavras um refúgio para suas reflexões. 

Letícia Cais

Letícia é estudante de Direito e autora de “Gira, o livro”. Canceriana, sente tudo com intensidade. Começou a publicar seus textos na internet em 2016 e nunca mais parou.

Apaixonada pela escrita e por tudo que ela proporciona, encontrou nas palavras um refúgio para suas reflexões. 

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