Seja curioso
Curiosidade é uma força de caráter muito interessante, sua potencialidade é garantia de uma vida mais ampla, repleta de soluções e com uma visão ampliada do mundo, além de colaborar para as relações humanas.
Uma pessoa curiosa tem necessidade de conhecer novas coisas, explorar, investigar, aprender, observar, experienciar, buscar respostas, estudar, e sua mente é inquieta, repleta de questionamentos, e normalmente ocorre desde a infância.
Recordo-me claramente quando minha mãe me dizia: chega Crystiane, pelo amor de Deus, você me deixa maluca com tantas perguntas, você é a rainha dos porquês, que tanto você quer saber?
Minha mãe ficava brava com os meus questionamentos, cada pergunta respondida, gera novas ideias, dúvidas, outras perguntas surgiam, e naquele tempo não existia o google, era consulta aos livros da biblioteca, aos adultos e aos professores, mas eram perguntas para além da sala de aula, eram perguntas de como o mundo funcionava, como as pessoas pensavam, se existiam de verdade aquelas coisas dos filmes de terror, como Jesus sabia o que eu estava fazendo...
Desde os 5 anos eu estudo, e confesso que ainda tenho perguntas sem respostas, mas eu continuo buscando compreender o que move as pessoas, e assim me torno uma profissional do desenvolvimento humano, sou curiosa o suficiente para querer saber como uma pessoa pensa, cria sua realidade, sua forma de ver e interagir com a vida, como segue suas filosofias, enfim aprendi que ser curiosa é maravilhoso!
A curiosidade permite expandir, crescer, saber algo novo e considero um presente quando uma pessoa compartilha algo do seu mundo comigo. Imagina alguém que sabe muito de um assunto, passa a vida se dedicando aquele conhecimento e você tem a oportunidade de conversar com ela, e de repente ela te presenteia com anos de estudo em uma conversa em que o melhor que sabe chega até você, isto é extraordinário.
A curiosidade é a possibilidade do mais, enquanto o julgamento é limitante, escasso, mantem o indivíduo no mesmo ponto, apenas com o que sabe, é como uma estrada, em que você só olha para o lugar onde anda, enquanto o curioso olha além do caminho, e vê as matas, os bichos, as flores, o céu, e tudo se amplia, como na metáfora da corrida do coelho que apenas corre, enquanto a tartaruga desfruta e vive o correr e percebe que o melhor não é a chegada e sim o caminho que leva até chegar.
Você já deve ter ouvido o ditado popular “a curiosidade matou o gato”, e sabe a origem desta expressão?
Na Idade Média, muitos gatos eram executados por estarem associados às bruxas. Para isso, colocavam armadilhas que acabavam aguçando a curiosidade dos felinos. Sim, a pessoa curiosa demais, ultrapassa o limite saudável do querer saber para aprender, e chega ao ponto da invasão do espaço referente ao outro.
Agora, o que quase não se fala, é que o ditado tinha também uma resposta: “a curiosidade matou o gato, mas a satisfação o ressuscitou”, mostrando que descobrir a verdade compensa os ditos males da curiosidade.
Dentro deste contexto, reflita o quão curioso você é, e como a sua curiosidade colabora para seu autoconhecimento, satisfação pessoal, felicidade, saúde, longevidade, bons relacionamentos, desenvolvimento de habilidades, aprimoramento e novas competências.
Como é delicioso quando encontramos alguém curioso para conversar, que tem interesse real no que estamos falando, não porque quer saber o que faço ou deixo de fazer, mas pela oportunidade de ganhar esta gota de oceano em si, e desta maneira o seu mar interior se agiganta, seu repertório se expande e a mente fervilha em novas possibilidades de interação com a vida.
O curioso escolhe novas aventuras, deseja trilhar outros caminhos, tem um ímpeto natural de se colocar para as novidades, sua mente fica em êxtase, porém encontrar o limite e o equilíbrio para não perturbar as pessoas ao seu redor é importante.
A curiosidade exagerada pode levar a distrações, e os objetivos e metas podem se perder, assim como um ambiente centralizador e autoritário, podem reprimir e desestimular este comportamento, afinal ter as perguntas respondidas com cala a boca e fica quieto, podem inibir esta força e coibir a natureza curiosa.
Bom senso e equilíbrio, é sempre uma boa receita!
Saber o momento de explorar e o momento de frear, de explorar e de focar, de cumprir os combinados, mas também perceber se a falta de engajamento é um excesso de rotina que captura o indivíduo do que acontece ao seu redor, e por isso, a pessoa não enxerga a vida de forma ampliada, só vê problemas e não consegue pensar em solução.
A mente curiosa tem muitas possibilidades e responde às questões da vida de maneira inusitada, fora do padrão, e cria possibilidades que a maioria não ousaria mencionar, mas quem não fuça, mexe e remexe, não percebe que muitas vezes se trata apenas de começar algo novo, para saída dos velhos problemas.
Acredita: seja curioso, vale a pena ver a vida de outra ângulo, ainda que sejam os mesmos problemas, se a sua visão modificar por sua mente expandida, este novo olhar vai fazer toda a diferença, é sinal que você caminhou mais alguns passos no caminho da solução, com compreensão, para além dos julgamentos. Parabéns por ser curioso!
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Crystiane Faria Feijes
Uma profissional que olha para a mente humana: consciente e inconsciente, as relações intra e interpessoais, a família, a estrutura da formação da psique (traumas, sintomas, dores e doenças), as forças de caráter, saúde mental, sonhos, sucesso, sentido da vida, são assuntos recorrentes nestes 10 anos de atendimentos psicanalítico e sistêmico. E quanto mais ela se coloco a serviço deste algo maior, que envolve a todos nós, mais observa o universo brilhante, e ainda inexplorável que somos.
Nosso desejo sexual pode variar ao longo da vida e isso não é um problema. Dependendo da nossa rotina, da nossa saúde física e mental, da nossa idade, da nossa sensação de bem-estar, dentre outros fatores, podemos estar com maior ou menor libido, sem necessariamente ter algo de errado. Mas quando essas alterações se tornam persistentes e prejudicam a vida da pessoa, algo deve ser feito para reequilíbrio do organismo.