Uma jornada ao orgulho: desconectando para se conectar
Preconceito, rejeição, castigos, punições, tentativas de cura, sessões de exorcismo, orações, mandingas, aconselhamentos, insultos, piadas, humilhações, idas forçadas à prostíbulos, assassinatos, suicídios, uma vida repleta de violência física, verbal, moral, psicológica e sexual. Essa é a realidade de grande parte da população LGBTQIA +. Não é só uma questão de aceitar e não concordar, como muitos pensam. O Brasil é o país com maior número de crimes homotransfóbicos do mundo, onde a cada 36 horas um LGBTQIA+ é vítima de homicídio ou suicídio. E nesse triste cenário, como está a saúde da mente desse grupo? O que significa ser LGBTQIA + e como é esse processo?
Primeiramente, precisamos saber o que é orientação sexual e identidade de gênero. Orientação sexual está relacionada ao desejo afetivo e sexual que cada pessoa pode ter. Os tipos mais comum são heterossexual (atração pelo gênero oposto), homossexual (atração pelo mesmo gênero), bissexual (atração por ambos) assexual (atração por nenhum) e pansexual (atração por pessoas de qualquer gênero). Já a identidade de gênero é como a pessoa se sente em relação ao próprio gênero, que não está limitado somente ao sexo biológico de nascença, mas algo construído socialmente. É o jeito como nos reconhecemos e desejamos que os outros nos reconheçam. Na sociedade, o gênero está associado à divisão de papéis de cada indivíduo, interesses, acessos e necessidades.
Porém, na grande maioria das famílias, padrões limitados heteronormativos são projetados para seus filhos, desde o nascimento, o que pode causar alguns problemas psicológicos no futuro. Para um LGBTQIA+ se aceitar como é, terá que passar por um processo de desconstrução de padrões e crenças sobre sua própria identidade. Segundo Aaron Beck, psiquiatra e pai da Terapia Cognitivo Comportamental, no começo da infância, as crianças desenvolvem determinadas ideias sobre si mesmas, sobre as outras pessoas e o seu mundo. Desde os primeiros estágios do desenvolvimento, tentamos entender nosso ambiente. Precisamos organizar nossas experiências de um jeito coerente para que funcionemos de forma adaptativa. Essas crenças são compreensões duradouras tão fundamentais e profundas que, frequentemente, não são articuladas, considerando-as como verdades absolutas.
Inicia-se então um processo de autoconhecimento e aceitação, ao se descobrir como um ser único, diante de um mundo cheio de possibilidades. É como se fosse levado a desconectar para se conectar com a sua essência, seu verdadeiro eu, ressignificando crenças disfuncionais antigas. É enxergar que eu posso ser quem realmente sou, e isso é libertador.
Por isso, é importante que esse assunto seja abordado nos lares e escolas, permitindo que o jovem se descubra com mais recursos, apoio e acolhimento. A psicoterapia pode ajudar nesse processo buscando amenizar os conflitos, questionamentos e pressões da sociedade.
Existem alguns centros de acolhimento LGBTQIA+ onde você poderá se abrir e buscar o apoio de pessoas com histórias semelhantes à tua. E o mais importante de tudo, tenha orgulho de quem você é. Com certeza, você é uma pessoa cheia de talentos, qualidades e virtudes que não se limitam a sua orientação e identidade sexual.
O Instituto Bem do Estar é uma organização que defende as causas e direitos LGBTQIA+ e estamos com você nessa luta.
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Ricardo Milito
Diretor Científico do Instituto Bem do Estar. Psicólogo e administrador com experiência no segmento organizacional e projetos sociais. Curioso, observador e disposto a ajudar as pessoas buscarem respostas para suas questões. Acredita no potencial do ser humano.
Alô, alô! Como está por aí? Hoje faço uma pausa nas minhas lamúrias mundanas desta página e dou um “oi” especial à minha querida e orgulhosa comunidade LGBTQIAPN+, propondo uma conversa aberta àqueles não identificados com a comunidade.