Superando os limites sociais preestabelecidos
Nada fácil tem sido a saúde mental da mulher preta brasileira. Na verdade, nunca foi fácil. Antes mesmo de ser preta, o fato de ser mulher já “representa” grande parte das dificuldades vivenciadas, no dia a dia da brasileira. O emprego é limitado, o salário menor do que comparado aos homens. O preconceito referente à sua vida pessoal é maior (por exemplo: quando tiver filhos e largar a empresa) e a insegurança estará sempre presente em seu caminho.
A saúde mental da mulher preta é fragilizada. Segue influências de uma sociedade de perfil machista, que já determina quais as decisões, profissões, estilos de vida que deve seguir, limitando seus espaços pessoais e profissionais.
Com relação à sua autoestima, muitas vezes baixa em geral, aprendeu, desde criança, que sempre seria observada com curiosidade, por onde fosse seu caminhar. Frases como “você será a primeira a ser olhada e a última a ser atendida” são comuns na educação, dentro dos lares dessas mulheres. A consequência desse entendimento tem, em geral, dois lados, um extremamente benéfico e outro bastante impeditivo para sua evolução. A não ser que ela adquira muito equilíbrio mental, essas influências poderão não exercer uma ação psicológica em seu futuro. O lado benéfico ocorre quando ela supera as discrepâncias e se coloca como uma mulher que resiste a tudo, o que já ouviu de nível inferior. Já o lado impeditivo, negativo, geralmente existe em número bem maior, pois elas têm poucas oportunidades. Dessa forma, a grande maioria se mantém estagnada, com uma situação social de pouca ou nenhuma evolução.
Estamos no ano de 2021, lembrando que muito já foi feito e várias conquistas foram realizadas, não só por este núcleo, mas por todas as mulheres, em geral. Mais do que qualquer comparação, todos enfrentamos dificuldades, que necessitam de muito apoio mental, amor e, se possível, algumas sessões de terapia. Neste artigo apenas abordamos que, especificamente, a mente da mulher preta já está superando os limites dos preconceitos embutidos na coletividade, do dia a dia brasileiro.
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Carol Roso
Eterna estudante, no momento cursa psicanálise. Desenvolve projetos voltados para o aprimoramento pessoal e interpessoal. Comunicadora formada em relações públicas, dedica-se a entender e auxiliar as pessoas com suas dores e angústias do dia a dia, propondo terapias em grupo e atendimentos individuais.
Neste mês das mulheres, em que refletimos sobre o nosso papel em sociedade, uma pergunta me fez pensar sobre o nosso estado emocional, em que muitas de nós se percebe em solidão e clamam por uma companhia.