Bem-estar: um olhar para a saúde da mente
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente não há como falar em saúde e bem-estar sem considerar o aspecto mental do indivíduo. Se antes o foco apenas em torno da saúde física e social pareciam suficientes para que cada ser humano atingisse uma qualidade de vida satisfatória, hoje temos números crescentes comprovando o contrário.
Os dados da OMS apresentam um cenário negativo global. Atualmente, a depressão é a principal causa de problemas de saúde e incapacidade. São 322 milhões de pessoas vivendo com a doença no mundo. O Brasil tem as maiores taxas de depressão e ansiedade da América Latina.
A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) considera que em média, apenas 3% dos orçamentos de saúde do governo são investidos em saúde mental. Ressalta ainda, que, mesmo em países de alta renda, quase 50% das pessoas com depressão não recebem tratamento.
Você pode estar se perguntando: se os índices são tão relevantes e seguem aumentando, por que a saúde da mente ainda não é tratada como prioridade?
Diversos motivos podem justificar essa lacuna. Falta conhecimento, informação, educação, investimento em políticas públicas, divulgação de ações sociais, melhor alocação dos recursos destinados à saúde, dentre outros. Sobram o estigma, a discriminação e o preconceito.
Os determinantes da saúde da mente não incluem apenas atributos individuais, mas também fatores socioeconômicos, culturais e ambientais. Não há como reduzir drasticamente o número de casos de transtornos mentais sem direcionar o olhar para os múltiplos fatores que favorecem a sua incidência.
Talvez, o primeiro passo seja falar mais sobre esse assunto, muitas vezes ainda visto como tabu pela população em geral. As questões que envolvem a saúde da mente devem estar presentes no ambiente familiar, na escola, no trabalho e na comunidade, com o mesmo grau de importância e respeito dedicado aos demais cuidados.
É indispensável criar condições para que o indivíduo possa lidar melhor com as emoções desde a infância, recebendo a atenção necessária de forma efetiva, empática e acolhedora em todas as etapas ao longo da vida. Além disso, um cidadão consciente e despido de crenças e estereótipos acerca do tema, também terá maior intimidade e segurança para buscar apoio e exigir qualidade na prestação de um serviço que o possibilitará ter uma vida mais saudável e produtiva.
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Ligia Weiss Guerra
Nutricionista há 14 anos graduada pelo Centro Universitário São Camilo. Estudou Mindful Eating e Terapia Cognitivo Comportamental para Nutricionistas no Instituto Nutrição Comportamental. Atua com foco no Comportamento Alimentar.