Estar na Pele do Flávio: Página 04
Coletivo!
Este talvez seja um dos vocábulos cujo real significado mais passe despercebido pelas pessoas. Poderia se enfileirar vários motivos para isso, porém um deles me chama a atenção: o ser humano vive em sociedade, vive em coletividade, mas o seu jeito natural de ser não é coletivo, é individual.
Nos bate-papos descontraídos com amigos e colegas muitas vezes o assunto envereda para este tema e não raro acabo repetindo a mesma frase:
Um dos motivos que mais aparece nessas situações é um sentimento que vem dentro de nós e também é da nossa natureza: o egoísmo. Embora a fama desse sentimento não seja lá das melhores, é preciso buscar um pouco de isenção na hora de analisarmos o que se passa.
O primeiro passo seria tentar entender porque somos egoístas e a resposta parece meio óbvia: costuma ficar difícil pensar nos outros quando você próprio não está no prumo. Isso não quer dizer que está liberado ser egoísta a todo momento, mas há situações em que essa necessidade de ajeitar a própria vida vai mesmo falar mais alto.
Para complicar um pouco mais a situação, vivemos hoje num tempo em que as pessoas parecem apresentar uma necessidade extrema de ter razão, o que as leva a discordar de tudo aquilo que é diferente do seu pensamento ou de sua “patota”.
Também não tem muito segredo: se você está num grupo no qual as pessoas falam, agem e pensam parecido contigo, se vive numa bela zona de conforto. Por mais que se fale em diversidade hoje em dia, nem sempre as pessoas entendem como é viver num mundo com diferenças, sejam elas de qual natureza for.
O curioso é que, nessas situações, as pessoas acabam condenando nas outras as mesmas atitudes que costumam ter, mas como se apegam na questão do “eu estou certo”, têm sérias dificuldades em perceber isso, gerando alguns debates recheados de incoerência e, não raro, de hipocrisia.
Críticas fazem parte, porém há um segundo vocábulo que muitos até se esquecem que existe, a não ser quando são diretamente afetados por sua ausência: respeito!
Não há estrutura coletiva sem respeito e não há respeito sem a conscientização que o diferente de si próprio não é errado, é apenas diferente. Nós somos quem somos, mas precisamos ter consciência não só que também falhamos em várias ocasiões como é preciso reconhecer essas falhas e, se tivermos a intenção de um convívio em harmonia, temos que buscar corrigi-las ao invés de varrer a sujeira para baixo do tapete enquanto jogamos a culpa em quem não a possui, ou seja, os outros.
É difícil aceitar certos fatos ou acontecimentos que nos machucam, nos incomodam, como o fato que alguns possuem facilidades e benesses que nós não. Afinal, todos temos sentimentos, então fica complicado entender alguns porquês.
Em geral, quem viveu mais tempo tende a possuir mais vivência, a passar por mais coisas do que os mais novos, embora isso não seja uma regra, apenas uma probabilidade maior.
Quando se passa por perrengues, os nossos ou das pessoas que conhecemos, quando se olha para tudo o que acontece pelo planeta como um todo, de bom ou de ruim, não fica muito difícil concluir que a vida não é igual para todos, seja lá por qual motivo isso ocorra.
O mundo nunca foi justo e isso gera raivas, gera mágoas e nos deixa mais propensos a tomar atitudes que só vão contribuir para que tudo piore.
Não sejamos tolos de achar que é fácil fazer diferente, buscar uma saída, lutar continuamente contra dificuldades diárias e não obter sucesso, sentir dores e desprazeres que, segundo nós mesmos, não precisaríamos sentir, não precisaríamos passar por eles, embora para a maioria essa será a realidade da vida.
Contudo, apesar de todos os entraves envolvidos, da nossa natureza individualista, o conceito de coletivo abrange alguns aspectos muito claros e um deles, com certeza, está no fato que juntos somos mais fortes, juntos podemos unir forças, compensar fraquezas, dividir as coisas boas para ter uma vida melhor, diluir as coisas ruins para que ninguém sofra demais.
Isso não quer dizer que devemos deixar nossa individualidade em segundo plano, mas talvez aprender a balanceá-la com a vivência em grupo de modo a conseguir maior harmonia para tocar os nossos dias.
Precisamos diminuir, urgentemente, o apontar de dedos e as críticas desnecessárias, algo que parece ter virado, infelizmente, um dos costumes desses tempos atuais. Talvez porque as pessoas não enxerguem que, quando acontece contra elas, ficam incomodadas também.
Repetindo, não é fácil nem simples, dá trabalho, leva tempo, precisa de consciência. Viver num mundo de desrespeito corrói nosso emocional, nossos sentimentos, nossa paz e harmonia. E quando isso nos afeta como nos níveis atuais, em pouco tempo as sequelas seguem para o corpo, causando doenças, mal estar, dor e uma vida pior.
Já temos problemas de sobra em nosso dia a dia, não precisamos piorar a situação. Se o coletivo não funcionar, um dia o individual vai sofrer também, até por um motivo óbvio e simples: o planeta é um só.
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Flávio Berto
Eu comecei a escrever em prosa aos 14 anos, em versos aos 16. Romances e poesias se tornaram o caminho natural para tanta necessidade de grafar palavras no papel, sendo que mais tarde a poesia se expandiu para a composição de letras e melodias. Não consigo passar um dia que seja sem escrever algo ou criar alguma história na minha cabeça. O mundo das letras, mais que um universo fantástico e inesgotável, nos apresenta também a magia que as palavras têm e o quanto elas preenchem cada momento de nossas vidas. É um aprendizado eterno e, se bem trabalhado, um dos melhores meios para tentar tornar esse mundo um lugar mais agradável para se viver.
Nosso desejo sexual pode variar ao longo da vida e isso não é um problema. Dependendo da nossa rotina, da nossa saúde física e mental, da nossa idade, da nossa sensação de bem-estar, dentre outros fatores, podemos estar com maior ou menor libido, sem necessariamente ter algo de errado. Mas quando essas alterações se tornam persistentes e prejudicam a vida da pessoa, algo deve ser feito para reequilíbrio do organismo.