Ser LGBTQIA+: semana do orgulho

Foto: Isi Parente / Unsplash

Foto: Isi Parente / Unsplash

Alegria, diversão, festa, música, fantasias exuberantes… o mês em que celebramos a diversidade de gênero e sexualidade, vai muito além da grande festa da “Parada do Orgulho LGBT”.

A luta LGBTQIA+ é sobre legitimar outras formas de existir na sociedade, no que diz respeito a gênero-sexualidade para além da cis-heteronormatividade.

A batalha para trazer o objetivo real dos movimentos formados pelos grupos marginalizados pela sociedade é gigantesca e não seria diferente com os LGBTQIA+. Assim como as feministas reforçam a cada Dia Internacional das Mulheres, que não são sobre flores e, sim, por direitos civis igualitário aos homens, a comunidade LGBTQIA+ luta por um mês do orgulho que não se resuma às empresas fazendo campanhas e produtos com arco-íris e tendo um enorme lucro por isso. 

Parafraseando Rita Von Hunty: “Não é sobre amor nem sobre consumo ou mercado. Nosso orgulho é sobre luta e emancipação, sobre a demanda e a conquista de uma realidade que nos reconheça em nossa inalienável humanidade e nos respeite como sujeitos plenos de direitos.

Mas quem faz parte das letrinhas LGBTQIA+?

L - lésbicas: mulheres que sentem atração afetiva/sexual pelo mesmo gênero

G - gays: homens que sentem atração afetiva/sexual pelo mesmo gênero

B - bissexuais: homens e mulheres que sentem atração sexual por mais de um gênero

T - transexuais e transgêneros: pessoas que identificam com outro gênero que não aquele atribuído no nascimento. Conceito relacionado a identidade de gênero e não sexual/afetiva

Q - queers: pessoas que transitam entre os gêneros feminino e masculino ou em outros gêneros quais o binarismo não se aplica

I - intersexuais: pessoas cujo desenvolvimento sexual corporal se encaixa na norma binária

A - assexuais: pessoas que não tem atração sexual e/ou afetiva por outras pessoas

+ : abriga todas as diversas possibilidades de orientação sexual e identificação de gênero que existam. 


Ah Brasil! Campeão da vergonha e da tristeza.

Não bastando ser campeão mundial em casos de ansiedade, o Brasil se mantém na liderança vergonhosa do país com maior número de crimes homotransfóbicos do mundo, a cada 36 horas um LGBTQIA+ é vítima de homicídio ou suicídio.

Segundo pesquisa realizada pela Unicamp, de modo geral, 40% dos adolescentes homossexuais manifestaram prevalência de transtornos mentais, contra 20% do grupo controle (heterossexuais). 

O transtorno depressivo maior e o risco de suicídio estão entre os fatores preocupantes para os especialistas.

De acordo com os resultados da pesquisa, obtidos em entrevistas realizadas com adolescentes selecionados, 35% dos sujeitos que se identificaram como homossexuais apresentaram transtorno depressivo maior em algum momento da vida. Entre entrevistados do grupo controle (heterossexuais), apenas 15% apresentaram depressão. Quanto ao risco de suicídio, 10% dos adolescentes homossexuais demonstraram tendência em algum período da vida. 

Aproximadamente, 67% dos participantes afirmaram sentir vergonha de sua orientação sexual. Quando adultos a religião e pressões da sociedade são os fatores que induzem a esse tipo de sentimento, sobretudo entre as mulheres, já nos adolescentes entre 16 e 21 anos é o medo de frustrar a família o que mais pesa.

As pesquisas mostram que a orientação sexual ou identidade de gênero pode influenciar significativamente as experiências com a depressão. As lutas pessoais internas agravam os sintomas da depressão, ansiedade e outras questões de saúde da mente.

Além disso, a homofobia é um importante fator para o agravamento da saúde mental dos lgbtqai+ , ousamos dizer que um dos mais cruciais, aquele capaz de calar e matar. Ela não impacta somente aos milhares de homossexuais que habitam a terra, mas seus pais, irmãos, filhos, amigos e alguns colegas.

Não é doença! Não é desvio!

O cenário da saúde da mente é assustador de um modo geral, mas quando olhamos com atenção para esse grupo, vemos fatores históricos absurdos, como a busca pela “cura gay”.

Até meados de 90, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considerava uma doença, tanto que era chamada de homossexualismo.  Somente em 17 de maio de 1990, a OMS retirou da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) passando a ser chamada de homossexualidade. Vale ressaltar, que só em junho de 2018, a OMS  tirou a transexualidade da lista de doenças, ou seja, ONTEM!!!

Já no Brasil, 20 anos depois da mudança da OMS, o Conselho Federal de Psicologia ainda recebia solicitações de seus integrantes que buscavam legitimar as chamadas “terapias de conversão”, práticas sem nenhum embasamento científico que tentam “corrigir” a identidade de indivíduos LGBTQIA+, vulgo a “cura gay”.

Mas como curar algo que não é uma doença?


O mundo é feito de essências diversas!

Apesar das conquistas dos últimos anos, ser LGBTQIA+ no Brasil é enfrentar violências estruturais, muito além da violência física ou verbal. A violência e os conflitos relacionados à aceitação familiar e social causam uma confusão emocional angustiante. Entender isso é fundamental quando pensamos na dificuldade e até na desconfiança da população LGBTQIA+ em buscar apoio psicológico

Como manter a saúde da mente equilibrada quando o medo, a insegurança, o preconceito, a rejeição e, principalmente, a violência imperam sobre essa comunidade de seres humanos. É isso mesmo, SERES HUMANOS, que independente de gênero e orientação sexual estão aqui para viver de maneira plena, estão aqui para viver. 

A beleza do ser humano não está em sua igualdade e, sim, nas diferentes essências de cada um. Sendo essa diversidade o substrato para a nossa evolução! 

Bem-vinde a semana do orgulho!


Abraços,

Isabel Marçal e Milena Fanucchi

#saudedamentelgbtqia

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