Ser LGBTQIA+: semana do orgulho
Alegria, diversão, festa, música, fantasias exuberantes… o mês em que celebramos a diversidade de gênero e sexualidade, vai muito além da grande festa da “Parada do Orgulho LGBT”.
A batalha para trazer o objetivo real dos movimentos formados pelos grupos marginalizados pela sociedade é gigantesca e não seria diferente com os LGBTQIA+. Assim como as feministas reforçam a cada Dia Internacional das Mulheres, que não são sobre flores e, sim, por direitos civis igualitário aos homens, a comunidade LGBTQIA+ luta por um mês do orgulho que não se resuma às empresas fazendo campanhas e produtos com arco-íris e tendo um enorme lucro por isso.
Parafraseando Rita Von Hunty: “Não é sobre amor nem sobre consumo ou mercado. Nosso orgulho é sobre luta e emancipação, sobre a demanda e a conquista de uma realidade que nos reconheça em nossa inalienável humanidade e nos respeite como sujeitos plenos de direitos.
Mas quem faz parte das letrinhas LGBTQIA+?
L - lésbicas: mulheres que sentem atração afetiva/sexual pelo mesmo gênero
G - gays: homens que sentem atração afetiva/sexual pelo mesmo gênero
B - bissexuais: homens e mulheres que sentem atração sexual por mais de um gênero
T - transexuais e transgêneros: pessoas que identificam com outro gênero que não aquele atribuído no nascimento. Conceito relacionado a identidade de gênero e não sexual/afetiva
Q - queers: pessoas que transitam entre os gêneros feminino e masculino ou em outros gêneros quais o binarismo não se aplica
I - intersexuais: pessoas cujo desenvolvimento sexual corporal se encaixa na norma binária
A - assexuais: pessoas que não tem atração sexual e/ou afetiva por outras pessoas
+ : abriga todas as diversas possibilidades de orientação sexual e identificação de gênero que existam.
Ah Brasil! Campeão da vergonha e da tristeza.
Não bastando ser campeão mundial em casos de ansiedade, o Brasil se mantém na liderança vergonhosa do país com maior número de crimes homotransfóbicos do mundo, a cada 36 horas um LGBTQIA+ é vítima de homicídio ou suicídio.
Segundo pesquisa realizada pela Unicamp, de modo geral, 40% dos adolescentes homossexuais manifestaram prevalência de transtornos mentais, contra 20% do grupo controle (heterossexuais).
De acordo com os resultados da pesquisa, obtidos em entrevistas realizadas com adolescentes selecionados, 35% dos sujeitos que se identificaram como homossexuais apresentaram transtorno depressivo maior em algum momento da vida. Entre entrevistados do grupo controle (heterossexuais), apenas 15% apresentaram depressão. Quanto ao risco de suicídio, 10% dos adolescentes homossexuais demonstraram tendência em algum período da vida.
Aproximadamente, 67% dos participantes afirmaram sentir vergonha de sua orientação sexual. Quando adultos a religião e pressões da sociedade são os fatores que induzem a esse tipo de sentimento, sobretudo entre as mulheres, já nos adolescentes entre 16 e 21 anos é o medo de frustrar a família o que mais pesa.
As pesquisas mostram que a orientação sexual ou identidade de gênero pode influenciar significativamente as experiências com a depressão. As lutas pessoais internas agravam os sintomas da depressão, ansiedade e outras questões de saúde da mente.
Além disso, a homofobia é um importante fator para o agravamento da saúde mental dos lgbtqai+ , ousamos dizer que um dos mais cruciais, aquele capaz de calar e matar. Ela não impacta somente aos milhares de homossexuais que habitam a terra, mas seus pais, irmãos, filhos, amigos e alguns colegas.
Não é doença! Não é desvio!
O cenário da saúde da mente é assustador de um modo geral, mas quando olhamos com atenção para esse grupo, vemos fatores históricos absurdos, como a busca pela “cura gay”.
Até meados de 90, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considerava uma doença, tanto que era chamada de homossexualismo. Somente em 17 de maio de 1990, a OMS retirou da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) passando a ser chamada de homossexualidade. Vale ressaltar, que só em junho de 2018, a OMS tirou a transexualidade da lista de doenças, ou seja, ONTEM!!!
Já no Brasil, 20 anos depois da mudança da OMS, o Conselho Federal de Psicologia ainda recebia solicitações de seus integrantes que buscavam legitimar as chamadas “terapias de conversão”, práticas sem nenhum embasamento científico que tentam “corrigir” a identidade de indivíduos LGBTQIA+, vulgo a “cura gay”.
Mas como curar algo que não é uma doença?
O mundo é feito de essências diversas!
Apesar das conquistas dos últimos anos, ser LGBTQIA+ no Brasil é enfrentar violências estruturais, muito além da violência física ou verbal. A violência e os conflitos relacionados à aceitação familiar e social causam uma confusão emocional angustiante. Entender isso é fundamental quando pensamos na dificuldade e até na desconfiança da população LGBTQIA+ em buscar apoio psicológico.
Como manter a saúde da mente equilibrada quando o medo, a insegurança, o preconceito, a rejeição e, principalmente, a violência imperam sobre essa comunidade de seres humanos. É isso mesmo, SERES HUMANOS, que independente de gênero e orientação sexual estão aqui para viver de maneira plena, estão aqui para viver.
Alô, alô! Como está por aí? Hoje faço uma pausa nas minhas lamúrias mundanas desta página e dou um “oi” especial à minha querida e orgulhosa comunidade LGBTQIAPN+, propondo uma conversa aberta àqueles não identificados com a comunidade.