A saúde mental do indivíduo no coletivo

Apesar de ser nomeada como saúde da mente a capacidade de estar em plena homeostase de cada ser abrange o campo de suas emoções, pensamentos e ações. O conjunto de tudo mencionado é o resultado da qualidade de vida e, também, de um corpo saudável, pois o corpo é o reflexo visível de todos os acontecimentos e como lidamos com esses.

Foto: Esther Driehaus / Unsplash

Para que o corpo demonstre, o cérebro já criou a percepção, pois o pensamento se cria antes da ação. O cérebro é o centro de todas as nossas reações nervosas, do medo, ódio, ansiedade, depressão, alegria, o centro de todo movimento. E o equilíbrio que o indivíduo mantém entre sua experiência e o meio em qual vive é por meio dos órgãos de sentir (olfato, tato, paladar, visão e audição), assim o cérebro recebe as informações e logo já oferece uma resposta.

O cérebro é parte do sistema nervoso central, cabe em si a presunção de tempo e espaço, do conhecimento, de nossas memórias. Então, se o cérebro age como um computador ao nosso corpo, e o nosso corpo os interpreta em sociedade, como ter o maior benefício para a integralidade do que pensamos e fazemos? Atuando como observador de si.

A observação é um caminho da mente. A mente é resultado do cérebro, logo se o cérebro está condicionado a repetições, limitações, a mente também irá acompanhar o padrão, então, “quem” modifica o cérebro é a mente. De modo simplificado, o cérebro atua na ênfase biológica e a mente na psique.  Como exemplo dessa dicotomia que, resulta em uma só unidade, a experiência de um estado meditativo. Quando se está atento aos pensamentos e não se torna reativo a todos, mas os observa. Ao passo que toda investigação traz a intenção de saber, reconhecer e vislumbrar quem é você, para si e para a sociedade em qual está vivendo. Contudo, reconhecer a interdependência essencial a todos os acontecimentos tanto em nível pessoal como coletivo, da mente ao físico, estabelece um elo interno de você para você. 

O mundo interno, sua história, identidade são todos coadjuvantes da sua persona aqui e agora. Por mais que haja semelhança com outrem, não será igual. Apesar de termos, biologicamente falando, os mesmos átomos, moléculas e estruturas de organismos da mesma espécie o ser humano é exclusivo para si. O fato de ter cada um sua exclusividade, o prisma de escolher ser e a responsabilidade de escolhas morais, modo de viver, reagir faz com que, mesmo semelhantes cada organismo possui homeostase e imunologia próprias, assim cada desarmonia, o famoso “adoecer” também é especialmente único. 

Fato é que, ter saúde mental também vale o potencial de ser disciplinado com o poder da sua mente, usando a cura pela exaltação, o potencial criativo que cada ser tem. O contrário disso é não aceitar as adversidades, mudanças cotidianas, notar que como a natureza tem ciclos, resta o amadurecimento e tomar o papel de protagonista por cada dia vivido em plena presença. E estar frágil é um ato de coragem. Coragem que requer um pedido de ajuda ou de ajudar. 

Investigar desde seus pensamentos até a ponta que leva ao sentimento. É por meio da investigação que se obtém o conhecimento sobre si. Saber seu lugar no mundo e ter o seu mundo em harmonia interna. Ter essa concepção completa afasta o personagem frustrado pois, atualmente, por parte também de veículos digitais, o espelhamento nos outros se torna muito evidente. Padrões de vida, beleza, carreira. Isso coopera com uma enorme ansiedade em querer ser, ter. E a angustia do “não ser ou ter” valida certa depressão. Inúmeras pesquisas nacionais e internacionais demonstram a quantidade de pessoas em estado de depressão e ansiedade, número de milhões, somente no Brasil os números ultrapassam 18.6 milhões em casos de ansiedade, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). O apego pelo resultado imediato imposto pela sociedade faz com que você se perca de você. Então, há quanto tempo não se olha? Há quanto tempo não se pergunta como está?

“Seja gentil com seus passos, cada um foi determinante para a maravilhosidade do que és.”

Por fim, ter saúde mental é reconhecer. Reconhecer suas qualidades e as não tão qualidades assim, também ter auto-responsabilidade para se cuidar e solicitar um abrigo quando necessário, logo faz parte viver em coletividade e é o que nos torna humanos.  A força da vitalidade já faz morada permanente em cada um, basta querer ser essa força, que nela também habita a gentileza, respeito por si. Abra as portas da sabedoria. Abra os caminhos para seus passos. Sigamos abertos para descobrir cada dia, sabendo fluir na instabilidade. E navegar no instável faz da sua embarcação cada vez mais preparada. 

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Nathalia Nespule

Professora de Hatha Yoga e ministra meditações. Sua formação abrange Terapias Integrativas (técnicas de massoterapia oriental, reiki e outras ferramentas de auxílio a integralidade do ser) e Psicanálise.