Auto cancelamento existe?

Antes de falar sobre “auto cancelamento'', seria importante conceituarmos o termo  “cancelamento”. A expressão se popularizou, recentemente, na internet e é aplicada a um contexto de pessoas, ou marcas famosas, que são julgadas ao ter uma postura considerada imprópria. “Cancelar” é julgar e punir de forma severa e massiva. Geralmente, quando a pessoa julgada se arrepende, e tem uma oportunidade, pede perdão demonstrando, publicamente, seu arrependimento. Entretanto, muitas vezes as consequências desse ataque são irreparáveis. 

Foto: Icons8 Team / Unsplash

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Sabemos que pessoas públicas e empresas influenciam milhares de outras pessoas e devem ser responsáveis pelos seus atos. Entretanto,  antes de julgar e punir, é importante nos aprofundarmos no que realmente aconteceu e darmos a oportunidade para a pessoa se justificar e mudar seu comportamento. Outra questão, sobre o cancelamento, é que o comportamento inadequado ganha tanto peso, que apaga outras características e qualidades da pessoa. É como se o sujeito fosse definido, totalmente, pela falha, dificultando mais ainda sua reparação. Sim, há consequências para os nossos atos, mas todos nós, quando reconhecemos nossos erros, precisamos de uma nova chance. Muitas vezes aprendemos com as nossas falhas. Somos imperfeitos e, certamente, isso não pode ser sempre usado como justificativa. O fato é que o cancelamento pode causar sérios danos psicológicos.

Frequentemente nos auto cancelamos,  sendo intolerantes e não aceitando nossas próprias falhas. Carregamos sentimentos de culpa, que nos adoecem e impedem de termos uma vida mais leve e saudável. Às vezes, nos responsabilizamos por questões que nem somos culpados, e isso acontece,  frequentemente, com as mulheres. Há uma enorme cobrança da sociedade com as mulheres, que até hoje lutam,  arduamente, para conseguir  seu espaço e direitos. Pesquisas comprovam que mulheres violentadas se sentem responsáveis e culpadas, injustamente, ao ser agredidas por seus companheiros. É comum ouvirmos frases equivocadas, na nossa sociedade, do tipo “foi abusada porque não se veste adequadamente”, ou “no relacionamento a mulher é quem faz o homem”, dando a responsabilidade para a mulher,  sobre o comportamento inadequado do homem. 

A nossa sociedade é menos permissiva com as mulheres e esse fardo é muito pesado, sendo motivo de diversas doenças psicológicas.

Não é atoa que o número de mulheres,  que sofrem com transtornos de ansiedade e depressão, é duas vezes maior do  que o de homens. O auto cancelamento nada mais é que uma auto sabotagem. Influenciados por crenças disfuncionais e baixa autoestima. Desacreditamos do nosso potencial e damos maior importância para nossas falhas. Entretanto, na maioria dos casos, só  percebemos o que está acontecendo numa fase muito avançada.

Aí perguntamos:  como mudar?

O autocuidado é essencial. Precisamos cuidar da nossa saúde mental, buscando autoconhecimento, nos libertando de traumas, curando feridas e sendo mais leves conosco. Será que você  não  está se  auto cancelando? Questione se você é realmente responsável pelo que aconteceu. Cuidado com falsas acusações. Compartilhe seus conflitos com um psicólogo, ou alguém de confiança. Lembre-se que um erro não é tudo que a define, se dê mais chances. Veja se não se tem  cobrado demais e pegue mais leve com você mesma. 


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Ricardo Milito

Psicólogo e administrador com experiência no segmento organizacional e projetos sociais. Curioso, observador e disposto a ajudar as pessoas a buscarem respostas para suas questões. Acredita no potencial do ser humano.  

Ricardo Milito

Membro do Conselho de Administração do Instituto Bem do Estar e estudante de Psicologia, com experiência em projetos sociais, acredita no potencial do ser humano. Curioso, observador e disposto a ajudar as pessoas a buscarem respostas para suas questões.

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