Conheça a história da Claudia

Ilustração: Drawlab19 / Freepik

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Eu tenho uma história difícil desde pequena. Eu fui dada para minha mãe adotiva com dias de vida pela minha mãe biológica. Com 4 anos o meu pai faleceu e depois quando eu tinha 6 foi a vez da minha mãe. Eu e a minha irmã fomos morar com a minha tia. Aos 12 anos passei por uma situação muito difícil de bullying no colégio onde eu estudava, pra não dizer racismo mesmo. Eu fui pega pra Cristo por ser a única negra do colégio inteiro. Foi aí que eu comecei a querer tirar a minha vida. 

Muito inocente comecei pensando em ingerir plantas venenosas, mas tudo o que eu conseguia eram dores de estômago. Fiquei estranha, chorava pra ir pra escola. Contei a minha tia o que estava acontecendo, mas ela levou como brincadeira dos outros. Continuei fazendo pesquisas na internet de como tirar minha própria vida. Ingeri álcool de cozinha, tomei inseticidas, raticida e nada. Até que minha tia leu o meu diário e descobriu o que eu estava fazendo. Vendo que a coisa era séria, ela me levou a um psicólogo e lá eu fui diagnosticada com depressão. Passei por vários psicólogos até me encontrar em uma, que pediu pra que eu passasse em um psiquiatra. 

Comecei a tomar remédios. Minha tia não aceitava de jeito nenhum isso, tive que ir escondida no começo. Fiquei mais 2 anos nesse colégio e fui transferida para outro público, que foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.

Lá eu podia ser eu mesma com meu cabelo cacheado e minha pele negra, infelizmente o modo como eu me vejo ainda é distorcido por conta das coisas que eu ouvia.

Tive mais uma crise feia. Tomei chumbinho de rato e quase morri, fui parar na uti. Quando eu tive alta, meu então namorado resolveu terminar comigo naquele mesmo dia, por não me amar ou por não aguentar a barra talvez...Não é fácil ter uma pessoa q tenta se matar do lado. 

O tempo passou, eu casei, encontrei um homem maravilhoso. Mas minhas questões internas ainda estavam muito mal resolvidas. No ano de 2012 eu abortei com 3 meses de gravidez. Fiquei péssima e foi neste mesmo ano que eu tentei, pela última vez, tirar a minha vida. Tomei todos os remédios que eu tinha. Mais uma vez fui parar na uti, quase morri. Decidi de lá mesmo procurar mais ajuda e me internar em uma clínica psiquiátrica. Foi uma experiência diferente, que de fato me acrescentou em alguma coisa. Fiquei lá por 12 dias e depois pedi para o meu marido me tirar. Nunca mais tentei nada.

Em 2017, tive o meu tão esperado filho e assim que ele nasceu fui diagnosticada com depressão pós parto. Eu não suportava ouvir o choro do meu próprio filho, me enlouquecida, eu pensava coisas horríveis...Comecei um novo tratamento. 

Em 2018, o meu companheiro de 7 anos, pai do meu filho, veio a falecer. Mais uma vez meu mundo desabou. 

Hoje em dia ainda faço uso de remédios e terapia, não tanto quanto eu gostaria por falta de dinheiro. Somos só eu e meu filho de 2 anos no mundo, mas eu tenho a plena certeza de que se não fosse ele, eu não estaria mais aqui neste mundo.

Meu filho é minha força, a minha gana de viver. Nunca vou abandona-lo por depressão nenhuma no mundo.

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