Ansiedade e alimentação: o que a pandemia mudou em nossas vidas
Janeiro branco é o mês da reflexão sobre a saúde mental.
Pensando em todas as mudanças que nossas vidas vêm sofrendo em decorrência da pandemia nos últimos meses, discutir os fatores, que afetam nossos consumos e escolhas alimentares como ansiedade e suas implicações na alimentação, tem sido causas frequentes das nossas perturbações diárias.
Sabemos que os fatores emocionais, fisiológicos e bioquímicos (como o aumento da liberação de dopamina, por exemplo) influenciam fortemente em nossas escolhas alimentares e que os excessos ou as escolhas incorretas podem ocasionar um ciclo vicioso da alimentação não saudável, até mesmo ocasionando distúrbios alimentares.
Como tudo isso funciona?
Comer é um ato de necessidade primária para nossa sobrevivência (comer para ter energia), mas também é um ato social (“vamos sair para comer?”) e emocional (“preciso comer algo para ser feliz…”), ou seja, comemos na alegria, na tristeza, no medo e, principalmente, nos momentos de ansiedade exacerbada.
A comida nos proporciona energia, emoções positivas (ativam o sistema de recompensa, tranquilidade, alegria, prazer, relaxamento) ou negativas (culpa pelos excessos, por exemplo). Por outro lado, comer também pode nos trazer doenças, quando estamos em desequilíbrio, quando escolhemos alimentos que não sejam tão saudáveis ou adequados às nossas necessidades.
Estar emocionalmente vulnerável leva a maioria de nós a buscar prazer, afeto e aconchego nos alimentos altamente palatáveis, que nos proporcionam através da ativação do sistema de recompensa, a conduta de repetição para nos sentirmos cada vez melhor.
Quais são esses alimentos altamente palatáveis?
Basicamente esse grupo de alimentos é composto por aqueles ricos em açúcares, sal e gorduras.
Em geral, os motivos dessas escolhas alimentares não tão saudáveis tem fundamentação nos processos bioquímicos e fisiológicos, uma vez que nosso corpo libera neurotransmissores como dopamina e serotonina na presença desses alimentos, gerando sensação de alegria, relaxamento e prazer.
As mudanças que o mundo vem sofrendo nos últimos meses, especialmente relacionadas ao confinamento e as novas formas de trabalho, em especial para os que estão trabalhando remotamente, criaram choques culturais e enormes alterações nas relações sociais e de consumo.
Grande parte das famílias sequer sabiam se organizar para preparar refeições para todos ou programar compras de alimentos. O que temos visto são hábitos de consumo se remodelando, assim como a dieta.
Comer em família e passar a maior parte do tempo em casa, para muitos foi inicialmente um período de “férias prolongadas”, mas hoje entendemos ser uma nova organização social, necessitando de intervenção urgente!
Atitudes simples, mas eficientes como desligar aparelhos eletrônicos ou mantê-los em modo silencioso durante as refeições, organizar a mesa de maneira agradável aos olhos, preparar a comida com temperos naturais, por exemplo, já tem um impacto absurdamente significativo no nosso consumo alimentar. Além disso, dentre as estratégias mais simples e eficazes para aplacar a ansiedade ao comer estão: mastigar bem os alimentos e dar pausas entre as garfadas. Que tal iniciar essas duas estratégias simples no seu dia a dia?
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Caroline Codonho
Nutricionista especializada em Clínica Funcional, Fitoterapia e Coaching Nutricional. Formada há 13 anos, desde então atuando em atendimento de consultório. Já atuei por alguns anos em saúde pública e consultoria para desenvolvimentos de produtos e rotulagem. A minha paixão na nutrição é ajudar as pessoas a melhorarem sua relação com a comida e com o seu corpo.