Efeitos da quarentena para nossas emoções

Você já pensou em quais efeitos a quarentena pode estar trazendo para suas emoções?  O que fazer para sobreviver a isso com equilíbrio emocional?

Foto: Maxwell Dugan / Unsplash

Foto: Maxwell Dugan / Unsplash

Vamos pensar em como era sua vida antes de tudo isso começar.

Acordar, café, higiene pessoal, vestir-se, levar crianças para escola, trabalhar.  E chegando ao trabalho tinha reunião, e-mail, almoços de negócio, treinamentos, visitas ou atendimento a clientes...  Percebe o quanto de nossa vida era regulada pelas atividades da rotina, principalmente do trabalho/estudos?

Um dos principais fatores que mudaram nesta condição de quarentena foi exatamente a rotina e, em consequência, sentimos a nossa vida uma bagunça.  Nossas referências de tempo foram retiradas e tivemos que reorganizar horários, equipamentos de trabalho, sem contar o espaço físico para que todos na família pudessem realizar suas atividades.  O que gerou um extremo desgaste para todos até que minimamente uma organização fosse conquistada. 

Outro ponto muito importante foi o distanciamento social.  Todos nós tínhamos trabalhos que envolviam contato com pessoas em algum nível.  Para alguns, esse contato era indireto e conseguiram se adaptar facilmente ao trabalho em casa.  Enquanto outros não conseguiram voltar às atividades por dependerem diretamente do atendimento presencial ao seu cliente.  

Neste quesito temos duas grandes consequências:  o impacto na renda familiar, seja em função das novas leis trabalhistas de redução de jornada/salário, seja porque para alguns sua atividade ficou inviável.  A segunda consequência não é menos complexa.  Quando paramos de sair de casa, perdemos o contato diário com as pessoas e isso é um ponto extremamente estressor para todos nós.

Do outro lado da moeda, porque paramos de sair de casa, intensificamos a relação com aqueles de nosso convívio.  E não somente intensificamos o convívio com nossa família, como estamos nos relacionando exclusivamente com eles, o que inevitavelmente nos leva ao aumento de conflitos.  

Além do estresse causado pelo conflito, agora temos a impossibilidade de nos afastarmos deste ambiente, levando a uma condição de falta de controle que nos gera angústia e ansiedade.

E para finalizar, a maioria de todas as coisas que fazíamos para relaxar, descontrair, divertir, aliviar a tensão, não podemos mais fazer.  Não podemos ir à academia, correr no parque, sair com os amigos, jantar fora, ir ao cinema, passear no shopping...

Em grande resumo, de um dia para outro, nós fomos trancados dentro de nossas casas, pressionados a encontrar alternativas para continuar trabalhando e mantendo nossa renda, confinados com poucas pessoas em espaços limitados, ao mesmo tempo que perdemos muito do que nos dava prazer em viver.    A família que seria um dos pontos de equilíbrio para nossa vida passou a ser fonte de estresse e tem nos deixado com sentimentos contraditórios, o que dificulta ainda mais a nossa estabilidade emocional.

Mas o que fazer para sobreviver a tudo isso preservando nosso emocional?


Será necessário encontrarmos alternativas para cada um dos problemas vivenciados, para que seja possível que a rotina, as relações familiares e o tempo livre sejam aproveitados e funcionem como equilíbrio e não mais uma fonte de problema.

Veja a seguir dicas práticas do que você poderá fazer para manter o equilíbrio emocional, evitando que as questões corriqueiras se tornem problemas.

Rotina de casa - deve ser planejada com antecedência e registrada (lista de tarefas, cardápio para a semana), as atividades devem ser delegadas, para evitar sobrecargas ou que as coisas deixem de ser feitas. 

Rotina do trabalho/estudo – adaptar local, combinar na família sobre necessidades de privacidade e horários individuais; manter local organizado, materiais separados, utilizar agenda para organização das ações, determinar atividades para horários respectivos, respeitar horário de início e término das tarefas durante o dia.

Convívio social – manter-se conectado, mesmo que virtualmente, aos amigos, colegas de trabalho e pessoas que nos tragam sentimentos de bem estar; abuse dos aplicativos para conversa por vídeo, torque mensagens, combine happy hour virtual.

Convívio familiar – é hora de reunir todos e combinar momentos de privacidade para cada um, inclusive adolescentes e crianças; organizar momentos em que a família possa ficar junta para atividades prazerosas como jogos, conversar, cozinhar, ou fazer algum exercício.

Atividades de lazer – será necessário encontrarmos atividades que possamos realizar virtualmente ou em casa, mas que nos tragam prazer.  Investir em algo que gostamos, mas não tínhamos tempo de fazer, aprender algo novo.

Atividade física – pode ser um dos grandes trunfos que temos em mãos.  Exercitar o corpo traz a produção de muitas substâncias importantes que combatem naturalmente o stress, a ansiedade e a depressão.  Temos diversos exercícios para todos os gostos, com ou sem impacto, com música, danças, relaxamento, meditação... basta utilizarmos a internet e pesquisarmos.  Testar pode ser uma boa alternativa.  Faça uma coisa diferente a cada dia e veja o que mais lhe agrada.


Não será fácil passarmos por este momento tão difícil para toda a humanidade.  E só temos duas alternativas:  ficarmos sem fazer nada e colhermos o que o mundo com o Covid-19 pode nos oferecer; ou tomarmos as rédeas de nossas vidas e fazermos, dentro do cenário que temos, o melhor que pudermos. 

Espero que com este texto você tenha percebido que com ideias simples você poderá ficar no controle!  

Fique em casa, fique bem e cuide do seu emocional! 

***

Erika Scandalo

Especialista em Psicologia Clínica Comportamental, produz conteúdo sobre a vida e como aproveitá-la de diferentes formas. Acredita que a felicidade é consequência de uma visão proativa sobre as dificuldades. Ser feliz é mais um olhar sobre o que se é, do que ter tudo o que se quer.

Erika Scandalo

Especialista em Psicologia Clínica Comportamental, produz conteúdo sobre a vida e como aproveitá-la de diferentes formas. Acredita que a felicidade é consequência de uma visão proativa sobre as dificuldades. Ser feliz é mais um olhar sobre o que se é, do que ter tudo o que se quer.

http://www.erikascandalo.com.br/
Anterior
Anterior

A forma como vivemos a insegurança nos dias de hoje

Próximo
Próximo

Como o isolamento social está afetando o comportamento alimentar?