Estar na Pele da Bruli: Página 01

Oie, tudo tudo? Espero que esteja bem.

Debuto meu primeiro texto aqui dizendo que estou muito feliz e empolgada pelo convite de escrever no blog, como sou curiosa e gosto de observar bastante os movimentos e ciclos da vida, decidi contar aqui sobre um processo recente que vivi nesses últimos dias… Finalizei um “mero” processo de reforma da casa em que estou morando, e ela é uma gracinha! Feita de bioconstrução, com vários detalhes em madeira, toda rústica, estilosa, bem descolada e localizada no meio da mata atlântica - um verdadeiro paraíso. Só que vivi dois longos meses de pura reforma, barulho, bagunça e sujeira. Sim, DOIS MESES kkkry... eu sei que você pode estar pensando que sou um pouquinho dramática por falar desse assunto com tanto foco e melodrama, afinal, foram só dois meses e eu deveria estar grata ao universo por ser tão privilegiada de morar num paraisinho na floresta, e que a reforma, de certo, veio para trazer benefícios e blá blá blá. Mas só quem viveu uma reforma sabe que dois meses podem se transformar em duas eras... e sim, eu confesso que sou dramática também haha.

Pois bem, então eu quero te convidar a fazer uma investigação: já parou pra pensar que somos convidadas quase o tempo todo a viver dicotomias? É sempre um “ou isto ou aquilo”, “isso ou acolá” “sim ou não” e durante essas escolhas, raramente paramos pra refletir sobre o entre das nossas decisões. Eu diria que o entre é valiosíssimo! Durante a reestruturação da casa, me deparei algumas vezes me punindo por estar chateada e não grata com todo o caos que uma reforma possibilita, porque estava demorando muito, e quando chovia o pedreiro não vinha, ele também tinha outros trabalhos que precisava intercalar com o trabalho daqui. Sem contar que eu também me senti muito invadida pela presença de homens o tempo todo aqui no meu lar, era um eterno relembrar de “não deixe calcinhas no varal”, “não ande de calcinha pela casa”, “seja bem educada e ria das piadas machistas que eles fazem, afinal você precisa deles pra continuar a reforma” haja reforma, haja terapia e haja apoio das amigas - muito barulho mental nisso tudo, foi literalmente um tirar a sujeira do tapete, e que sujeira, minhas amigas! Eu sentia um esgotamento geral, a minha energia e da casa estavam super baixa, até minhas gatas estavam bem borocoxôs, mas o pensamento meritocrático estava bem ali, me acusando de que eu estava assim por vibrar baixo ou por não estar agradecida. Algumas vezes eu consegui mandar esse pensamento pastar, outras não…

Lembra que lá no começo do texto eu coloquei a palavra mero entre aspas? Justamente pra fazer essa ponte aqui e agora com o processo de reforma interna do meu eu que vivi também nesses tempos. Entre choros, crises, risos e a sensação de que esse caos externo não fosse acabar nunca, eu entendi e decidi aceitar que estava grata sim por tudo o que estava vivendo e ao mesmo tempo, estava triste porque vários empecilhos se apresentavam pelo caminho da obra.

Nós não precisamos escolher entre uma coisa ou outra, não somos máquinas binárias programadas e prontas para excluir qualquer emoção que vá contra algo primário que sentimos num instante anterior 

Há muita beleza, profundidade e autoconhecimento no entender de que estou grata sim e triste ao mesmo tempo. E mais beleza ainda na percepção de que a vida é impermanente, e que todas essas sensações não me representam por inteira, portanto posso me desapegar delas no próximo segundo, já que elas só navegaram pelo meu ser naqueles instantes anteriores de clareza em que eu pude me analisar daquele jeito.

 E é muito satisfatório perceber, que muitas vezes, tudo o que podemos fazer é entregar o fardo e o peso que estamos sentindo à uma parte superior dentro da gente (muitos a chamam de Deus, Deusa, Deuses, Eu Sou... insira ali o nome que você acredita ou não - para os ateus) Enfim, essa entrega corresponde sobre entender que somos limitados e intangíveis ao mesmo tempo - e esse é o entre que eu me referi lá no começo do texto - se em sã consciência não conseguimos resolver o desafio que estamos vivendo, podemos pedir com uma intenção verdadeira a essa parte superior misteriosa que habita dentro de tudo que pulsa, ela faz tanto a flor desabrochar pela manhã quanto a gente acordar e viver experimentos cheios de revelações e ensinamentos no nosso dia-a-dia. E eu fiz isso com a casinha, entreguei porque eu tinha que esperar o tempo da construção, não é do dia pra noite que as coisas se levantam e o tempo tem sua própria sabedoria.

Por fim, a reforma externa da casa acabou, a reforma interna em mim vai mais uns dias, mas depois de uma longa faxina regada com bons vários baldes d’água, boas musiquinhas e alguns mimos que me permiti viver durante o dia, me sinto exausta e realizada!! - porque dá sim pra viver duas ou mais sensações diferentes, e essas percepções podem te abraçar a qualquer momento, e quando isso acontecer, que elas te tragam mais leveza, humor e beleza no seu momento presente e sua jornada de vida.

Nos vemos por aqui!

Obrigada pela leitura, espero que tenha feito sentido e te ajudado.

***

Bruli Maria

Se declara uma cuidadora do planeta, apaixonada por gatos e multi-artista, trabalha como: atriz, dj, modelo, taróloga, micro-influenciadora e terapeuta; e agora se aventura no universo da escrita também por aqui. Mora na mata atlântica de Nazaré Paulista, o que a permite uma escuta profunda com a vida e com a natureza.

Bruli Maria

Bruli se declara uma cuidadora do planeta e apaixonada por gatos, trabalha como atriz, modelo, criatura de conteúdo e terapeuta; e agora se aventura no universo da escrita também por aqui e em outros cantos também. Atualmente mora em São Paulo e é integrante do Teatro Oficina Uzyna Uzona.

https://www.instagram.com/criaturadeconteudo/
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