Viver de vir e ver
A vida não é limitada. Criar a percepção de vida, como o emprego, roupas, lugar onde mora, e afins, torna a identidade de que você é limitado, afinal tudo citado tem caráter transitório. Essas faces transitórias podem ser encaradas como experiência. Pense que todos acumulam experiências, pergunto: o que têm feito com as experiências ou o que as experiências têm feito com você?
Observando o aspecto mental, tudo é uma continuidade, desde a primeira respiração fora do acolhimento do ventre até os dias atuais. Então, antes de acumular experiências somos feitos de memória. A memória do choro quando chegou ao mundo, abrindo os alvéolos e deixando a respiração viva pela primeira vez, por isso o choro, o impacto do desconhecido e dor até antes não sentida.
Qual foi a última vez que o olhar viu por detrás do espelho e mesmo a imagem duplicada escolheu daquela vez vestir-se diferente. Olhar diferente. Fato é que, tudo acontece, o tempo todo. O tempo, o grande alquimista da vida, capaz de reunir experiências e memórias, uma história. Cabe ao narrador da vida dar o tom, as cores, o olhar que quiser.
O dom da vida afinal é sentir-se vivo. Se a capacidade de criação do seu ser é limitada pelas experiências desagradáveis e obstáculos vivenciados, lembre-se que antes disso, você já era vida, e que o poder de escolher está presente, a cada segundo. A cada segundo, uma escolha feita é um passo ao desconhecido oceano que pode acontecer. Estar vivo é permitir ferir-se e curar-se pelas feridas, passos desconfiados até descobrir o caminho, respirar profundo no silêncio das palavras e compreender que só podemos mudar enquanto viver.
O dom da realização máxima de ser é o ato de viver.
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Professora de Hatha Yoga e ministra meditações. Sua formação abrange Terapias Integrativas (técnicas de massoterapia oriental, reiki e outras ferramentas de auxílio a integralidade do ser) e Psicanálise.