Carnaval e redes sociais: como proteger sua saúde da mente?
O impacto da tecnologia vem sendo cada vez maior em nossa rotina diária e trouxe muitas mudanças positivas, porém, é preciso ficar atento aos malefícios que a utilização indiscriminada pode acarretar. Diversos estudos relacionam o tempo de uso da internet com questões de saúde da mente, como a depressão, transtornos alimentares e suicídio que parecem estar ligados à vida online, notadamente ao uso de redes sociais.
Segundo a GlobalWebIndex, empresa britânica que estuda o tempo que usuários passam em redes sociais em todo o mundo, o Brasil é o segundo país que mais fica conectado em redes sociais. Em média, passamos 3 horas e 25 minutos por dia nas redes, supondo um tempo médio de sono de oito horas diárias, isso significa que usamos 20% do nosso dia conectado em redes sociais.
Existem datas que as postagens nas redes sociais se tornam mais frequentes e praticamente “obrigatórias”. Quais são elas? Os eventos pré-estabelecidos culturalmente e que se tornaram fontes de bem-estar e realização, como: aniversários, férias, Natal, Ano-Novo e Carnaval.
Destes eventos, o Carnaval é tido como um momento de ápice de alegria e satisfação. Na visão antropológica, é um ritual de reversão, no qual os papéis sociais são invertidos e as normas de comportamento são suspensas, fazendo com que possam ser realizados desejos reprimidos.
No Brasil é a maior festa popular e um dos maiores feriados do ano. São cinco dias de momentos de pura diversão, sendo tudo registrado e postado em tempo real. E este é um cenário rico para que as comparações com os outros aparecem, impreterivelmente, quase que automática.
De acordo com um estudo da Royal Society For Public Health, do qual participaram 1.500 voluntários de 14 a 24 anos, sendo que 90% deles utilizam mídias sociais, o Instagram é o líder do ranking de redes sociais mais aliadas à sensação de solidão e ansiedade. Além de ser descrito pelos jovens como mais viciante do que cigarros e álcool. Segundo a OMS, essa faixa etária é a que mais sofre com problemas de saúde da mente, sendo a depressão uma das principais causas de adoecimento e deficiência entre eles. Enquanto o suicídio é a segunda maior causa de morte entre os indivíduos de 15 a 29 anos de idade.
As redes sociais mexem com o nosso instinto do reconhecimento social, aquela sensação boa que você tem quando recebe muitos likes em uma foto que acabou de postar. Os pesquisadores, do estudo citado acima, apontam que o Instagram é uma rede social muito focada na imagem, por isso, gera sentimentos de inadequação e ansiedade nos jovens. A interação na internet não gera uma recompensa social real – e isso pode levar a pioras em quadros de sofrimento psíquico.
Uma das chaves para proteger sua saúde da mente, dos malefícios das redes sociais é em não permitir que sejam substitutas da vida real e da convivência com outros seres humanos. Além disso é necessário adotar alguns hábitos, como:
preste atenção em como você se sente nas interações virtuais;
pense em para que elas te servem e o que realmente quer consumir;
restrinja redes que não te tragam benefícios;
estabeleça o tempo que você gostaria de passar em cada rede;
limite onde e quando utilizá-las; e
pratique momentos ou até períodos de desconexão total, periodicamente.
Aproveite o Carnaval para estar presente, curtindo o momento com as pessoas ao seu redor ou até sozinho, descansando. Desconecte-se do mundo paralelo e por vezes imaginário das redes sociais e SINTA a alegria do Carnaval, sua saúde da mente agradece.
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Isabel Marçal
Especialista em gestão de projetos sociais, com 15 anos de experiência no setor de Impacto Social. Apaixonada pela vida, seres humanos e suas relações. Sonha com uma sociedade mais saudável e justa, por isso, acredita que o primeiro passo esteja na consciência individual de cada ser humano. Atualmente é Presidente e Co-Fundadora do Instituto Bem do Estar.